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Sindicato que recebeu R$ 6 mi do governo reúne cartolas íntimos da CBF e da FPF

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01/09/2011 17h44

O Sindafebol (Sindicato Nacional das Associações de Futebol) tem sua diretoria composta por gente que respira CBF e FPF (Federação Paulista de Futebol). Sua cúpula é um emaranhado de influências que ajuda a explicar como uma entidade sem prática no tema foi contrada por R$ 6,2 milhões pelo Ministério do Esporte para cadastrar as torcidas organizadas. E sem licitação.

Mustafá Contursi, presidente do sindicato e que ainda não tirou o projeto do papel oito meses após a assinatura do contrato, já chefiou delegação da seleção brasileira e tem excelente trânsito com Marco Polo Del Nero, que preside a FPF.

O diretor tesoureiro do sindicato é Reinaldo Carneiro Bastos, vice-presidente da FPF . Em 2010, ele foi escolhido por Ricardo Teixeira para cuidar da Série B. O cartola também tem trânsito livre com o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior.

Ele não é o único no sindicato com um pé na CBF e outro na FPF.  O advogado Angelo Verospi é vice-presidente do Sindafebol e tem as portas abertas nas duas entidades. O dirigente já teve participação ativa, segundo ele próprio, na federação e na confederação, prestando serviços jurídicos na área tributária. Afirma esporadicamente ainda prestar consultoria para a FPF. E mantém amizade com Ricardo Teixeira. Verospi também é diretor de relações institucionais do Palmeiras. Assim se dá bem tanto com Mustafá como com o presidente Arnaldo Tirone, hoje distantes.

Weber Magalhães, vice-presdente da CBF para a região Centro Oeste, completa o time do sindicato. Especialista em Brasília, ele é secretário geral do Sindafebol.

 O currículo de seus dirigentes mostra como o sindicato tem ligações umbilicais com a FPF e a CBF. Sua aproximação com o Ministério do Esporte reflete o espírito de parceria entre a pasta e cartolagem brasileira implantado pelo ministro.

O caso envolvendo o sindicato, porém, não foi bem digerido em Brasília e deve servir de munição contra Orlando Silva. O episódio tem potencial para se transformar numa bola de neve com muito cartola graúdo no meio.

Em meio ao clima de tensão, Mustafá diz que o dinheiro ainda não foi usado e que as cobranças são injustas, pois a verba só chegou em junho e a entidade estuda o projeto com calma.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.