Opositor santista quer vagas no Conselho para cobrar transparência sobre Neymar
Entrevista com Reinaldo Guerreiro, 48 anos, candidato de oposição à presidência do Santos na eleição do próximo dia 3.
Quais os motivos para se candidatar contra um presidente que é considerado imbatível nas urnas e num momento em que quase tudo dá certo para o Santos?
É muito bom para o clube estar vencendo, estar dando tudo certo. É ótimo, mas é muito perigoso porque você corre o risco de dar um cheque em branco para quem está no poder. Quando você disputa uma eleição, tem chances de ganhar, mas nosso primeiro objetivo é conseguir 20% das vagas no Conselho Deliberativo [37 cadeiras]. Assim poderemos colaborar com nossas ideias, fiscalizar e cobrar transparência. Nosso movimento não é destrutivo, tanto que nem chamo de oposição. Somos uma nova opção.
Falta transparência ao Santos?
Falta. Eles prometeram divulgar balancetes mensais, não divulgaram. E é ótimo o Neymar ficar, mas qual o custo disso para o clube? É entrar no me engana que eu gosto ouvir sem questionar que o jogador vai ficar e sair de graça depois com o clube rasgando R$ 100 milhões. Ninguém vai me convencer de que a Teisa [empresa que tem conselheiros ligados ao presidente Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro] abrirá mão de sua participação no Neymar sem lucrar. E que a DIS (do grupo Sonda) vai aceitar o prejuízo. Não sabemos quanto o clube vai gastar para manter o Neymar. Se conquistarmos nosso espaço no Conselho, vamos cobrar isso. Outra coisa: até hoje ninguém sabe quem pagou o Robinho enquanto ele esteve aqui. Vários clubes viveram momentos de sonho, ganhando tudo, e depois se afundaram. Enquanto ganha, ninguém cobra. Não queremos isso para o Santos.
Se estivesse na presidência, o que teria feito de diferente?
Acho a folha salarial do Santos muito alta. A diretoria alega que aumentou as receitas. Mas não é um privilégio do Santos. Todos os clubes estão arrecadando mais. Só que nossos gastos cresceram perigosamente. Nossa dívida aumentou muito. Também faria algo diferente nas categorias de base, faz tempo que não há nada de novo por lá. Meninos de 17 anos estão mandando os jogos no estádio da Portuguesa Santista. Precisam jogar na Vila Belmiro.
Qual sua ligação com o ex-presidente Marcelo Teixeira?
Nenhuma. Fui subdiretor de futebol na gestão dele depois de ser apresentado por um amigo. Tenho orgulho de ter participado e tentado colaborar. Mas o Marcelo não participa da minha campanha.
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