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Saída de Teixeira da Fifa abre caminho para cartola paulista e aumenta crise política na CBF

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20/03/2012 06h00

Com Vinícius Segalla e Lucas Pastore

A saída de Ricardo Teixeira do Comitê Executivo da Fifa aumenta a crise política aberta no futebol brasileiro com a renúncia do ex-presidente da CBF.

Antes mesmo de Ricardo Teixeira deixar a Fifa, Marco Polo Del Nero já era apontado por cartolas com trânsito na CBF e na FPF como candidato ao posto.

A vaga não pertence ao Brasil. Ela é da Conmebol, a Confederação Sul-Americana, mas o caminho natural seria a indicação de outro brasileiro.

Assim, o novo presidente da CBF, José Maria Marin, deve ser pressionado por federações contrárias ao domínio paulista na confederação a indicar outro nome para a Conmebol levar à Fifa.

Seria uma maneira de Marin colocar em prática o discurso de que todos os Estados terão voz ativa durante sua gestão. Ele é cobrado para provar que, ao contrário do que a maioria dos dirigentes afirma, não ouve Del Nero antes de tomar todas as suas decisões.

O presidente da Federação Paulista, porém, tem credenciais para ocupar o cargo deixado por Teixeira. O estatuto da Conmebol é omisso em relação a casos de renúncia, mas prevê que o posto deve ser ocupado por um cartola que seja eleito em votação na Sul-Americana.

O candidato deve pertencer a entidade nacional que indicá-lo ou já ter feito parte dela. Ou ainda ser membro do Comitê Executivo da Conmebol, situação de Del Nero.

A entidade pode convocar uma reunião de emergência para escolher o herdeiro de Teixeira. Quem conhece o cotidiano da Sul-Americana diz que o caminho seria Nicolás Leoz, presidente da Conmenbol, ouvir uma indicação de Marin e depois fazer um acordo para que as outras federações nacionais votem no nome escolhido pelo brasileiro.

Mas aí aparece um outro obstáculo para o cartola paulista. Recentemente Del Nero defendeu a criação de uma nova vice-presidência na Conmebol. Em tese, a mudança tiraria poder do atual presidente, e nem chegou a ser votada.

Interlocutores de Leoz afirmam que ele ficou furioso com o brasileiro. Por sua vez, Del Nero declara que a intenção era criar um cargo para ajudar o presidente administrar a entidade.

Apesar das afirmações contrárias feitas pelo presidente da FPF, dirigentes de clubes e federações acreditam que ele já não se contenta com o poder só em seu Estado. Por isso, ao mesmo tempo, mirou a CBF, a Sul-Americana e a Fifa, principal sinônimo de status e poder no futebol.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.