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Na Justiça, Adriano deve cobrar Corinthians por confinamento e problemas em recuperação

Perrone

21/04/2012 06h00

Adriano já assinou a papelada para entrar na Justiça contra o Corinthians. E vem chumbo grosso por aí. Além de questionar o pagamento de seus salários até o fim do contrato, contestando a demissão por justa causa, uma série de queixas deve rechear a ação.

Uma delas é sobre o período em que o jogador ficou confinado sem os colegas na concentração do clube. O Imperador ouviu de seu advogado que pode acionar o Corinthians por causa do episódio.

Adriano diz a pessoas próximas que o gerente de futebol Edu sugeriu o confinamento e que ele topou. Mas logo se arrependeu. Entrou na segunda-feira. Na quinta, já telefonou para seu estafe dizendo que não aguentava mais ficar no CT. Descrevia o local como escuro e vazio. Depois de conversar com os dirigentes saiu no sábado.

Na ação, a versão da justa causa também será questionada. Adriano deve usar como prova o site oficial da equipe. A página não falava sobre esse tipo de desligamento no momento em que sua saída foi anunciada.

Dias depois, o clube publicou uma nova nota afirmando que não revelou a justa causa para preservar o atacante. Seu advogado, alegará, então, que não houve justa causa, baseado no primeiro comunicado.

Outro ponto que pode ser atacado é a recuperação do jogador após cirurgia. Adriano admite que errou ao tirar a bota imobilizadora antes da hora. Para seu estafe, porém, o clube deveria ter dito naquele momento que houve uma falha grave e que o tratamento deveria ser recomeçado. E não esperar o rompimento com o atleta para expor o assunto, quando o estrago já estava feito.

Há também o argumento de que o Corinthians deveria se responsabilizar pela nova cirurgia e o atual tratamento de Adriano para entregá-lo zerado ao Flamengo.

Até uma declaração do médico rubro-negro José Luiz Runco serve de munição contra os corintianos. Ele disse que o centroavante correu o risco de romper os ligamentos do outro joelho por sobrecarregar a perna boa. Só que o Corinthians permitiu que ele jogasse assim.

Também gerou polêmica Joaquim Grava, responsável pelo departamento médico corintiano, dizer agora que Adriano passaria mesmo por uma nova cirurgia. E que ela estava programada para acontecer mais tarde. A equipe pessoal do atacante diz que ele nunca foi avisado sobre essa necessidade. Soube dela apenas na Gávea.

Os médicos corintianos negam que tenham cometido falhas ou forçado excessos do atleta durante a recuperação.

Adriano comenta com amigos que, de fato, faltou a inúmeras sessões de fisioterapia, mas que deixou de ir a um treino só, já em 2012. E o motivo, por essa versão, foi que ele não se sentia recuperado para jogar. Acreditava que seria escalado sem condições e num jogo irrelevante. Por isso, ignorou o treino e ficou fora da partida.

As cerca de 60 faltas em sessões de fisioterapia também serão questionadas. A reclamação é de que o clube coloca na conta dias em que ele pediu autorização para se tratar numa academia fora do CT.

Mágoas

Em sua saída do Parque São Jorge Adriano carregou um caminhão de mágoas. Na lista está o fato de a demissão ter sido comunicada por telefone a seu empresário. Quem ouviu desabafos do atacante diz que ele assinaria a rescisão sem fazer exigências financeiras se a diretoria o chamasse para uma reunião.

Diferentemente do que ele gostaria, recebeu em sua casa uma notificação sobre demissão por justa causa. Isso dias após seu representante ter discutido um acordo com o clube, que pagaria uma indenização.

Tite também deixou o Imperador chateado. Teria faltado diálogo com o treinador, que pouco falava com o atacante, segundo gente que convive com o jogador.

 O Corinthians ainda teria exagerado ao jogar os problemas de Adriano no ventilador e reclamar de seu peso nos últimos dias de clube. Ele costuma dizer que foi campeão brasileiro com o Flamengo, em 2009, pesando 107 quilos. E que saiu do Corinthians com 101 quilos e 12% de gordura no corpo. Assim, não havia motivo para críticas em sua opinião.

Os mais íntimos do Imperador afirmam que, carente, ele sofria com a frieza dos profissionais corintianos. Além de tudo, acredita não ter sido valorizado como merecia na conquista do Brasileirão do ano passado. Isso porque seu gol na virada de 2 a 1 s0bre o Atlético-MG, no Pacaembu, foi fundamental para o triunfo.

O blog telefonou para o avogado corintiano Fernando Abrahão, mas ele não atendeu.

Mesmo com tanta animosidade entre as duas partes, do lado imperial há a certeza de que o imbróglio na Justiça não irá até a última instância. Existe a expectativa de um acordo diante do juiz.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.