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Andrés enfrenta fritura após troca de comando na CBF

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10/05/2012 06h00

As atitudes de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, seu braço direito, escancaram a fritura de Andrés Sanchez como diretor de seleções da CBF.

A temperatura da frigideira pode ser medida por decisões de Marin na contramão do que pensa seu diretor e também por funções abraçadas pelo presidente, mas que eram de responsabilidade de Sanchez.

O desencontro começou antes mesmo de Ricardo Teixeira, padrinho de Andrés na CBF, deixar a presidência. No final de fevereiro, Andrés disse que não seria possível liberar o são-paulino Lucas para se apresentar mais tarde na seleção e jogar contra o Palmeiras.

Em seguida, Andrés teve que voltar atrás. A CBF emitiu uma nota liberando o atleta e explicando que foi atendido um pedido da Federação Paulista, presidida por Del Nero.

Após Marin assumir, a falta de sintonia ficou mais evidente. O novo presidente chegou avisando que Mano Menezes teria que apresentar a ele a relação de convocados antes de anunciá-la publicamente. Até então, a missão de conversar com o técnico sobre as convocações era do diretor de seleções. "Ele é presidente e faz o que quer. Não quero saber de lista", disse Andrés ao UOL Esporte.

Recentemente, Marin foi a Londres, com Del Nero, participar do sorteio das chaves da Olimpíada e vistoriar as instalações que serão usadas pela equipe nos Jogos. O diretor de seleções ficou no Brasil.

"Isso não quer dizer que temos problemas. Fui para Londres porque precisava ver tudo in loco. Mas troco informações com o Andrés, falo com ele todos os dias. Somos amigos, e não existe fritura", disse Marin ao blog.

A Olimpíada é fonte de outra discordância entre Marin e seu subordinado. O presidente quer que Mano priorize a competição. E Andrés declarou que o treinador deveria priorizar a Copa do Mundo.

"Tudo tem seu momento, e agora é a vez da Olimpíada. Asseguro que eu e Andrés temos os mesmos objetivos", rebate Marin. Mas pensam de maneira diferente em vários pontos, digo eu ao presidente. "De maneira nenhuma, pensamos da mesma forma", devolve o dirigente.

Marin e Del Nero deram outra demonstração de distanciamento em relação ao corintiano ao visitarem Lula sem a presença de Andrés. Cartola mais íntimo do ex-presidente do que o corintiano não há.

"Eu não preciso ir a todos os lugares com o Andrés para ser amigo dele. Ele também não me leva em todos os lugares que vai, mas somos amigos", justifica Marin. A foto do encontro está no site da CBF. Assim como a da visita a Londres. O diretor de seleções não fala com o blog.

Colaborou Luiza Oliveira

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.