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Fundo de investimento fica com receitas do Itaquerão por 30 anos, 14 a mais do que previsão inicial

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15/08/2012 06h00

 Foi prolongada de 16 para 30 anos a duração do fundo criado para receber todas as receitas do futuro estádio corintiano até o clube pagar os custos da obra. A alteração foi publicada no caderno empresarial do Diário Oficial do Estado de São Paulo no último dia 2.

Inicialmente, o Corinthians estabeleceu 16 anos para o fundo existir por um ano a mais do que o tempo estipulado para pagar ao BNDES (13 anos, após dois de carência). Enquanto  o Arena-Fundo de Investimento Imobiliário FII estiver na ativa, a receita gerada pelo Itaquerão será toda repassada  para esse fundo. Isso apesar de o estádio ser explorado e administrado pelo Corinthians. O clube não é o principal cotista. Odebrecht e Jequitiba Patrimonial, especializada em administração de obras, dividem esse posto.

O Corinthians, porém, nega que tal situação diminua seu controle sobre a arena. E explica que receberá cotas conforme pagar a dívida. Assim, ao final, será o único cotista. 

Reprodução de publicação no Diário Oficial do Estado

Segundo o clube, a mudança foi pedida pelos cotistas e é uma prática normal no mercado. A alegação é de que o fundo precisa durar bem mais do que o financiamento obtido junto ao BNDES para a construção do estádio. Se o fundo acabar e o financiamento não for pago, os tomadores dos empréstimos em nome do Corinthians não têm de quem cobrar.

 Com a alteração, o dinheiro também estará a salvo, caso o Corinthians tenha problemas como uma grande dívida ou se perder um processo milionário nas próximas três décadas, conforme a versão do alvinegro.

Os responsáveis pelo projeto do lado corintiano negam que o prazo tenha sido prorrogado para aumentar o tempo que o clube terá para pagar a dívida. Asseguram que o compromisso continua sendo de quitar os cerca de R$ 820 milhões necessários para a construção em 15 anos.

Um dos envolvidos na operação, porém, disse ao blog que acredita ser difícil vender os Cids (títulos emitidos pela prefeitura) por R$ 420 milhões, valor máximo estipulado. A negociação dos papéis é uma das formas de a Odebrecht ser paga pela obra.

 Se a soma da quantia obtida com os Cids e a venda dos naming rights não atingir os R$ 820 milhões, o que faltar terá de ser pago com a exploração do estádio. E há o risco de o prazo passar dos 15 anos.

Além das receitas, o Corinthians cedeu ao fundo, enquanto ele durar, o terreno que recebeu da prefeitura. Uma consultoria jurídica deu um parecer favorável à operação.

O clube alega também que será estipulado um valor anual a ser pago por ele para quitar o débito. Se as receitas superarem a quantia necessária, o que sobrar pertencerá ao Corinthians, apesar de o dinheiro ir para o fundo. E que há uma discussão com os cotistas sobre se, nesse caso, a sobra pode ser usada livremente pelos corintianos ou deve ficar como reserva para o pagamento seguinte.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.