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Presidente do São Paulo conta com Ganso para encher Morumbi

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23/09/2012 08h23

Entrevista com Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo.

A contratação do Ganso significa que o São Paulo trocou mesmo a filosofia de contratar jogadores baratos, em fim de contrato, por reforços caros?

Não é exatamente uma troca de filosofia, mas o aprimoramento da visão de que o clube precisa de ídolos. Primeiro que quando contratamos jogadores de graça é por incompetência dos nossos concorrentes. Se eles tiverem a mesma eficácia que nós, também vão achar atletas livres de seus clubes. Mas entendo que falar que o clube legal, modelo, faz isso é uma notícia que rende leitura.

 Vamos continuar procurando jogadores baratos. Mas houve o aprimoramento da visão de que o clube precisa de mais ídolos para atrair o torcedor. A receita de bilheteria não expressa as necessidades do clube, mas a presença do torcedor expressa. A receita da venda de ingressos não é a mais importante, mas ter o torcedor no estádio é fundamental, pois ajuda a movimentar tudo em volta. E o Ganso é um jogador jovem, talentoso, que atrai o torcedor. Ele vai ser importante não só dentro de campo, com sua técnica, mas também para levar mais gente ao estádio.

O senhor não negociava com empresas. Agora se juntou à DIS para trazer o Ganso. Mudou sua opinião em relação a elas?

Não dá para ignorar que empresas, grupos de investidores e até bancos agora têm participação nos direitos de jogadores. É uma realidade. Não tem como você fugir.  Mas o negócio com a DIS foi pontual. Existia um jogador de 22 anos insatisfeito no Santos, o clube estava insatisfeito, e a empresa também. O esporte não se pratica sem alegria. Então tentamos a negociação. Foi um caso pontual. Não conversamos com a DIS sobre outros jogadores. Vamos continuar formando atletas como ninguém faz.

 

Chegou a pensar que a contratação não daria certo? Ficou magoado com o Santos?

Teve um momento em que pensei: "vou perder o negócio". Foi quando o Adalberto [Baptista, diretor de futebol] me ligou à meia-noite, dizendo que o Grêmio tinha entrado no negócio e que o Luxemburgo telefonou para o Ganso. Pensei, tenho que entrar nisso. Liguei para o Luis Alvaro [presidente do Santos] pedi para ele decidir. Um amigo do jogador colocou o Ganso para falar comigo pelo telefone. Disse que se ele queria jogar no São Paulo teria que deixar isso bem claro, era a única forma. Ele fez isso num dia, e no outro ficou resolvido que ele viria para o São Paulo. O Santos mudou várias vezes de posição durante a negociação, houve um desgaste, mas passou.

Muita gente fala que o Ganso tem o perfil do São Paulo…

Ah, ele tem. O Pita [ex-jogador de Santos e São Paulo] é amigo do Ganso e falou isso pra ele. Disse: "já joguei lá, e sei que você vai se dar bem". Ajudou muito ter uma opinião favorável.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.