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Largada de manhã deixa São Silvestre ainda mais desfigurada

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31/12/2012 08h18

Corredores antes da largada desta manhã

Nada mais fora de lugar ou de hora do que a nova largada matutina da São Silvestre. O público jovem não sabe a delícia que era terminar o ano na expectativa de conhecer o novo vencedor. Para muitos, a prova era sinônimo de virada do ano, já que a corrida terminava bem pertinho da meia-noite.

O champanhe do ano novo poderia ser também para brindar um campeão brasileiro, como José João da Silva. E os comentários sobre a corrida faziam parte do cardápio da ceia.

O primeiro grande golpe na tradição veio com a mudança da largada para o período da tarde, sob a alegação de que era melhor para organização. Ficaria, por exemplo, mais fácil de barrar engraçadinhos que tentavam cortar o caminho, mas nunca com sucesso.

A tradição tomou outras machadadas. Como mudanças no percurso e chegada no Parque do Ibirapuera, que ocorreu no ano passado. Este ano o fim foi reprogramado para o local tradicional, a Avenida Paulista. O auge é a novo início, às 9 da manhã.

Coincidentemente, os pontapés na gostosa rotina da São Silvestre ajudam a Globo a turbinar a sua festa da virada na Paulista. Era um caos organizar o evento simultaneamente à corrida. Além disso, o festejo Global virou a atração solitária na capital paulista na última noite do ano. Sem concorrente.

Pela direção do vento, dá pra ficar desconfiado de que ainda mudem a corrida de 31 de dezembro para outra data, acabando com o que sobrou de charme.

Os organizadores deveriam prestar atenção nas palavras do corredor Paulo Roberto de Almeida Paula, oitavo colocado na maratona da Olimpíada de Londres. Ele reclamou do nível técnico e da premiação da prova. Disse que a corrida é importante para a mídia apenas pela tradição (corroída por tantas inovações).

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.