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Por 13º salário, Palmeiras faz empréstimo de R$ 6 milhões com garantia pessoal de Tirone, ameaçado de afastamento

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05/12/2012 06h00

 

Tirone não obteve nova antecipação na FPF

Para pagar o 13º salário de seus funcionários, o Palmeiras fez um empréstimo bancário de R$ 6 milhões na semana passada. O próprio presidente foi o avalista juntamente com o vice de futebol, Roberto Frizzo. A dupla responde com seus bens se a dívida não for quitada.

Esse foi um dos empréstimos analisados em reunião do COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) nesta terça. O órgão reclama que o presidente antecipa receitas da próxima administração e fere o estatuto do clube. Por isso, estuda pedir o afastamento de Tirone a 45 dias do final de seu mandato.

A complexidade do tema fez o COF declarar a reunião aberta até domingo, quando será decidido se o caso irá para o Conselho Deliberativo, que tem o poder de votar o afastamento.

Nos próximos dias, o COF buscará mais documentos para saber o total de empréstimos e se o clube deu aumento a Barcos. O órgão havia orientado o presidente a explicar antes como pagaria novos empréstimos e contratos com jogadores. O conselho de orientação reclama de que não está sendo respeitado.

"Eu respeito o COF, sei que ele está em seu papel. Eles têm que checar tudo e se acharem que devem pedir meu afastamento ao Conselho Deliberativo tudo bem. Vou me defender. Não fiz nada errado, não fui irresponsável. Só fiz empréstimos e antecipei receitas para não paralisar o clube. Errado é deixar de pagar funcionários", disse Tirone ao blog.

Conselheiros querem saber se Barcos teve aumento

Ele confirmou o empréstimo de R$ 6 milhões e que foi o avalista com Frizzo. O dirigente confirma também que tentou uma nova antecipação de receitas do Campeonato Paulista, mas não conseguiu. "Tínhamos uma dívida com o BMG, que foi feita em outra gestão. Renegociamos, reduzimos o valor e demos as receitas dos próximos Campeonatos Paulistas como garantia. Por isso a federação não teve como antecipar mais agora", afirmou Tirone. As receitas do clube no Estadual estão comprometidas pelo menos até 2014.

Funciona assim: o clube faz um empréstimo e a federação se compromete a repassar a cota a que o time tem direito diretamente para o banco. Isso se a dívida não for paga antes.

Tirone já antecipou pelo menos R$ 40 milhões que o clube teria a receber no próximo ano usando também outros contratos como garantia. "Mas eu usei tudo para pagar dívidas. Não feri o estatuto porque eu posso antecipar até 30% do orçamento, que é de aproximadamente R$ 150 milhões. Estou dentro do limite. Além do mais, todos os presidentes avançam nas receitas das administrações seguintes."

Ele culpa a dívida que herdou de seu antecessor, Luiz Gonzaga Belluzzo e o fato de o Palmeiras perder temporariamente o Palestra Itália como fonte de receita pela maior parte da dificuldade financeira. "Assumi o clube com um passivo de R$ 160 milhões. Mas não culpo o Belluzzo. Ele assumiu com um passivo de R$ 28 milhões. Faço um desafio: eu me afasto da presidência agora se o próximo presidente se comprometer a não antecipar as receitas da administração seguinte. É impossível." A eleição será em janeiro.

Sobre Barcos, Tirone não esclareceu se deu aumento ao argentino. "O COF tem todo o direito de fazer suas recomendações. Agora, se eu achar que tenho que contratar ou dar aumento vou fazer isso", concluiu o presidente.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.