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Mortes indicam que legado da Copa será incompatível com investimento público

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15/04/2013 14h30

Dois torcedores do Ceará mortos antes do clássico contra o Fortaleza, evento teste para a Copa das Confederações. Um trabalhador morto na obra da Arena Palestra Itália. O saldo trágico registrado entre domingo e esta segunda é mais um indício de que o legado usado para justificar o derrame de dinheiro público na Copa de 2014 não será o alardeado pelas autoridades.

A morte dos torcedores aconteceu longe do estádio. E a arena alviverde não faz parte do mapa da Copa. Isso não muda o fato de  que o Governo Federal investiu bilhões com o pretexto de que muita coisa vai melhorar na vida do cidadão brasileiro graças ao Mundial.

E às vésperas da Copa das Confederações, o mínimo que se poderia esperar é que a gastança já tivesse deixado alguns legados. É enorme o investimento na área de segurança para evitar mortes durante as competições da Fifa. Mas, a briga em Fortaleza e outros tantos casos recentes deixam claro que o dinheiro injetado ainda não produziu maneiras eficientes de monitorar, coibir e punir torcedores violentos.

A morte na arena palmeirense não é a primeira depois da onda de construções de estádios no país. Em 2011, um operário morreu na obra do Estádio Nacional de Brasília. Até agosto do ano passado a construção já registrava 29 acidentes.

A exigência de novos palcos para a Copa do Mundo deveria ter deixado como primeiro legado mais eficiência na segurança nos canteiros de obras, sejam os trabalhos ligados ou não ao Mundial, sejam os projetos públicos ou privados, como a casa alviverde.

Os últimos episódios reforçam neste blogueiro a sensação de que a Copa vai acontecer sem grandes sobressaltos, por contra da vigilância da Fifa. E que depois, quase tudo continuará como antes. Apesar da grana torrada.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.