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Globo se posiciona contra amistosos de clubes no exterior em meio ao Brasileirão

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04/09/2013 12h25

 

O São Paulo, de Douglas, deixou o Brasileiro, para enfrentar o Bayern, de Ribery

Clubes ávidos por amistosos no exterior, apesar da falta de datas, trombaram com um obstáculo dos mais incômodos: a rejeição da Globo.

"A Globo é terminantemente contra qualquer clube deixar o Brasileiro para jogar amistosos", afirmou ao blog  Marcelo Campos Pinto, executivo da emissora.

Neste ano, Santos e São Paulo, por exemplo, pressionaram a CBF para jogarem no exterior, provocando mudanças na tabela. Os dois clubes agora pagam a conta com uma maratona de jogos.

"Essas saídas forçam a realização de partidas em menos de 72 horas para que o campeonato termine na data prevista. E provocam um desequilíbrio técnico. Quem está com dois jogos a menos já sabe o que precisa fazer para superar o seu concorrente direto na tabela. Às vezes, um empate basta e o time entra menos pressionado. Não é justo", declarou o executivo.

O regulamento geral das competições da CBF proíbe eequipes e jogadores de atuarem num intervalo inferior a 66 horas. Mesmo assim, o São Paulo, por exemplo, enfrentará o Criciúma nesta quinta após ter duelado na terça com o Náutico.

Altos valores pagos pela Globo para transmitir o Nacional também servem para justificar a posição contrária às excursões. "Tem clube que ganha dois milhões por um jogo no Brasileiro e quer sair para ganhar US$ 200 mil, cerca de R$ 500 mil, num amistoso, desorganizando a tabela do campeonato. Não faz sentido", afirmou Campos Pinto, referindo-se às cotas de TV pagas pela emissora.

Ele discorda dos dirigentes que reclamam do excesso de jogos no calendário brasileiro. "A única diferença em relação ao que os clubes enfrentam na Europa é que aqui temos os Estaduais. Mas a diferença só expressiva para os que chegam às fases decisivas de todas as competições", afirmou.

O Santos deixou o Brasileiro para enfrentar o Barcelona

Campos Pinto se reuniu nesta terça com cartolas dos times da Série A para mostrar os resultados das vendas de pay-per-view no primeiro semestre, mas diz não ter falado sobre os amistosos no encontro.

Um dos temas discutidos na reunião foi a dívida dos clubes, já que parte deles, como Botafogo e Fluminense têm receitas penhoradas por débitos fiscais e trabalhistas.  O representante da Globo se manifestou sobre o tema no encontro. Porém, negou que tenha falado em punições com perda de pontos para os caloteiros, como relatou um dos participantes ao blog.

"Disse a eles que precisam se preocupar com isso. Eles têm que sentar e estudar uma forma de resolver o problema porque se continuar assim, não vão conseguir fazer mais nada porque todas as receitas vão estar bloqueadas", afirmou.

O Ministério do Esporte estuda uma nova lei para equacionar os débitos fiscais dos clubes, mas fala em punição rigorosa para quem atrasar os pagamentos.

Em casos de penhora por conta de dívidas, a Globo faz o depósito judicial da cota em vez de enviar o dinheiro para a conta do clube.

Colaborou Guilherme Palenzuela, do UOL, em São Paulo

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.