Topo

Perrone

Grêmio prevê corte de cerca de 50% de despesas no futebol em um ano

Perrone

25/12/2013 06h00

Enroscado com salários atrasados, o Grêmio planeja um drástico corte de despesas para 2014. Por conta do aperto vai priorizar  jogadores das categorias de base. Os planos foram detalhados ao blog pelo presidente do clube, Fábio Koff.

Em um ano, o gasto mensal com a folha de pagamento do futebol deve cair quase 50%, de cerca de R$ 8 milhões mensais para entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões.

O dirigente assegura que em janeiro vai quitar os salários atrasados, sem risco de perder jogadores na Justiça. Os atletas falam em dois meses de atrasos em direitos de imagem e salários e pressionam a diretoria. Com 90 dias de não pagamento podem pedir na Justiça o desligamento do clube sem pagar indenização.

Leia os principais trechos da entrevista.

Atrasos

"Em janeiro devemos acertar os salários atrasados. O atraso é de um mês e meio e não corremos risco de perder jogadores na Justiça porque vamos pagar tudo. Estamos racionalizando as despesas."

Corte de gastos

"Já diminuímos muitas despesas e vamos diminuir mais, entre 20% e 25%. No começo do ano, nossa folha de pagamento era de quase R$ 8 milhões por mês, contando salários, direitos de imagem e também despesas com compras de direitos econômicos. Estamos fechando o ano com uma folha de pagamento no valor de R$ 6 milhões por mês. A ideia é ficar com algo entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões mensais."

 

Elenco para 2014

"Estamos apostamos muito na base. Já temos oito da base no time principal, vamos subir mais uns cinco ou seis. Isso não assusta porque na primeira Libertadores que ganhamos foi assim, valorizando a base. Nossa receita é menor desde o contrato com a [construtora] OAS pela arena, então temos que nos adaptar,  precisamos gastar menos do que arrecadamos. Claro que vamos ter alguns jogadores experientes ao lado desses jovens. Vamos contratar, mas só jogadores que estejam sem vínculo, que não tenham custo para o clube em relação a direitos econômicos."

Parcerias com investidores

"Queremos parceiros, mas não especuladores. Porque quando o clube vai procurar um investidor para contratar alguém, ele sabe que tu não tens dinheiro e começa a especular. Fazemos parcerias em que tenhamos um mínimo estipulado dos direitos econômicos e cobramos direito de vitrine, que é a valorização alcançada pelo atleta por jogar no Grêmio."

 

Competitividade

"O time pode ser muito competitivo, mesmo sem o clube gastar muito. Hoje, existe muito equilíbrio entre as equipes. Então, o que ganha jogo é o preparo físico. Posso até queimar meus créditos com a torcida, mas sei que dá para fazer uma boa temporada."

Kléber e Barcos

Existem interessados nos dois jogadores, mas nada concreto. O Grêmio é comprador e vendedor. Ouvimos propostas por todos os jogadores, ouviremos todas que aparecerem. Precisamos saber também se o Kléber, por exemplo, quer ficar no clube. Nós temos interesse em que fique."

 

Acordo com a OAS pela arena

 

Estamos renegociando contrato com a OAS porque o Grêmio é o único clube do mundo que paga para jogar em casa e fora de casa. Não temos receita de bilheteria. E se ganhamos, fica pior ainda porque temos que pagar bicho. Por isso, estipulamos que só premiamos jogadores se recebermos premiações nos campeonatos. É o único jeito. Fazemos agora por metas, repassando o prêmio dado ao clube. É melhor porque se tem que dar prêmio quando ganha o jogo, então tu pagas o salário para o jogador perder? Mas estamos perto de conseguir um contrato melhor com a OAS. Estamos negociando um espaço que não tínhamos para comercializar. Assim, vamos desembolsar menos do que desembolsamos hoje para jogar em casa.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.