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Seis ingredientes da crise corintiana

Perrone

10/02/2014 07h28

1 – Renovação tardia

Quando decidiu fechar com o grupo que foi campeão mundial, Tite adiou a renovação que era necessária em um elenco recheado de veteranos. Assim, o rejuvenescimento do time que deveria ser gradual para aproveitar a vencedora estrutura de jogo, não aconteceu e o legado da fase vitoriosa não existe. Nesse cenário, Mano Menezes tem que montar o time saindo praticamente do zero durante o Campeonato Paulista. Precisa de um tempo que a tabela de classificação e a exigência da torcida não dão.

2  – Falta de dinheiro

O clube que se orgulha das suas receitas gigantescas agora não tem dinheiro para contratar. Além disso, houve atrasos nos pagamentos de alguns direitos de imagem o que nunca é saudável no ambiente de trabalho.

3 – Categorias de base mal aproveitadas

Nos últimos anos, o Corinthians apostou na política de contratar muitas promessas a custo baixo e um ou outro medalhão. O sucesso nas contratações mais baratas fez a direção e os técnicos praticamente esquecerem das categorias de base. Na hora do aperto financeiro, o clube sente falta de jovens formados em casa para ajudar na reformulação do elenco.

4 – Jogadores fora dos planos

O Corinthians começou 2014 com jogadores que sabiam que deixariam o clube na primeira oportunidade. E Mano Menezes insistiu em dar chance a alguns deles , como Ibson e Pato, titulares na derrota para o São Bernardo. Sheik, que teve a sua transferência cogitada para o Grêmio e que está tão sem ambiente no clube quanto estava Pato, foi titular contra o Mogi Mirim, levou o terceiro  amaerelo no final e vai desfalcar o time no clássico contra o Palmeiras.

5 – Defesa

Sinônimo de eficiência na fase vencedora comandada por Tite, a defesa do Corinthians agora comete erros seguidos e não fica sem tomar gols. Nem Mano Menezes, especialista no assunto, consegue arrumar o sistema defensivo.

6 – Política

Desde que Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves, ligados a Andrés Sanchez, deixaram voluntariamente a diretoria de futebol, as torcidas organizadas ficaram mais hostis com o elenco. Elas têm afinidade com Andrés, mas não com o presidente Mário Gobbi. Andrés, vez por outra vai à quadra da Gaviões da Fiel, por exemplo. Em 2009, com Andrés na presidência, o clube doou parte da renda de jogo com o Flamengo para as torcidas prepararem seus desfiles de Carnaval. Gobbi prefere se manter distante. Ao mesmo tempo em que o grupo de Andrés está em guerra interna com a direção, o atual presidente é xingado nas arquibancadas. A violência da torcida, deixa a equipe nervosa em campo. A turma do ex-presidente, no entanto, alega que a agressividade aumentou por causa dos 5 a 1 sofridos diante do Santos e que se Andrés fosse dirigente a cobrança aconteceria na mesma intensidade.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.