MP notifica Haddad para não colocar dinheiro em arena corintiana e na Copa
O Ministério Público de São Paulo enviou recomendação administrativa para o prefeito Fernando Haddad não colocar dinheiro público na Copa do Mundo.
Remetido pelo promotor do Patrimônio Público Marcelo Camargo Milani, o documento recomenda que o prefeito não banque as estruturas complementares necessárias para o estádio do Corinthians, não ofereça transporte coletivo gratuito para os voluntários que atuarão no Mundial, não coloque dinheiro nas fans fests (festas que a Fifa exige para os torcedores em dias de jogos) e que não compre ingressos das partidas. Ele fez a recomendação há 15 dias e aguarda uma resposta até a semana que vem.
Se uma ou mais recomendações não forem atendidas, Milani afirma que entrará com ação de improbidade contra o prefeito.
Repetindo o que tem dito, a assessoria de imprensa da vice-prefeita, Nádia Campeão, coordenadora da SPCOPA, afirmou que a prefeitura não vai bancar as estruturas complementares. Declarou também que não haverá dinheiro público nas fans fests e disse não estar em cogitação a compra de ingressos.
No entanto, a assessoria da vice-prefeita confirma que está sendo examinado o oferecimento de transporte gratuito para 1.200 voluntários da Fifa. "Se responder que vai pagar, o prefeito vai tomar uma ação por causa disso. Espero ele pagar e entro com a ação. É um evento privado, um estádio privado, não tem nenhuma justificativa legal, econômica, nada", disse o promotor ao blog. Não há exigência contratual que faça a cidade bancar o transporte dos voluntários da Fifa.
Milani explicou que mencionou a compra de ingressos porque durante a Copa das Confederações algumas sedes adquiriram entradas para distribuir depois.
O alerta do MP também foi motivado pela indecisão sobre quem pagará as estruturas complementares do estádio do Corinthians. E pelo fato de Curitbia e Porto Alegre agirem para assegurarem a realização dos mesmos trabalhos nas arenas de Atlético-PR e Internacional , que não aceitaram a conta.
Nesta quinta, Andrés Sanchez, dirigente responsável pelo estádio alvinegro, deu entrevista ao programa "Bola da Vez", que vai ao ar pela ESPN Brasil na próxima terça, declarando que o clube vai pagar a despesa de aproximadamente R$ 60 milhões, honrando compromisso assinado. Indagado pelo blog, o departamento de comunicação do COL (Comitê Organizador Local) disse à noite que não sabia informar se o órgão foi comunicado oficialmente de que o Corinthians pagará a conta. Já o presidente do clube, Mário Gobbi, concedeu entrevista declarando achar injusto e antiético bancar obras que o clube não vai usar. Afirmou também que esse ônus não é do Corinthians, numa declaração contraditória ao depoimento de Andrés.
As estruturas complementares não têm serventia para o dono do estádio após o Mundial. Elas englobam principalmente áreas de mídia e segurança em tamanhos maiores do que os necessários para depois que a Copa passar.
Não é demais lembrar que o mesmo promotor que notificou Haddad, move uma ação contra o ex-prefeito Gilberto Kassab por causa da lei sobre os CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento), que serão usados pelo Corinthians para bancar R$ 420 milhões da obra de seu estádio, que já está na casa de R$ 1 bilhão.
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