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Ingresso mais caro reforça divisão entre Corinthians de Andrés e de Gobbi

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16/05/2014 06h00

Mário Gobbi tem sido massacrado por críticas de sócios e torcedores provocadas pelo aumento dos preços nos ingressos para o primeiro jogo oficial do Corinthians em Itaquera. Aliados do presidente corintiano defendem o cartola com um argumento curioso: ele não tem controle sobre o valor dos bilhetes na arena. A responsabilidade, afirmam, é da administração do estádio. Ou seja, de Andrés Sanchez. Alegam, assim, que a gestão da arena é totalmente independente da direção do clube.

O episódio aumenta o muro que separa "andresistas" e "gobbistas" no Parque São Jorge. Principalmente porque uma das bandeiras da administração de Mário vinha sendo tentar segurar o preço dos bilhetes.

No último jogo no Pacaembu, contra o Flamengo, os ingressos valiam entre R$ 40 e R$ 180. Para a partida contra o Figueirense na nova casa eles custaram de R$ 50 a R$ 400 (ingresso vip), sem contar os descontos dados no programa de sócio-torcedor. Vale registrar que, no sábado passado, uma área vip no setor Oeste foi improvisada. O clube só poderá usar o estádio inteiro como quer depois da Copa, o que provoca limitações.

O reajuste fez "elitização" virar palavra da moda entre os que criticam a diretoria presidida por Gobbi.

A insatisfação dos "gobbistas" aumenta porque o presidente tem sido ofendido em coro pelas torcidas organizadas, enquanto Andrés é poupado. Foi o que aconteceu na festa em Itaquera no último sábado. Após homenagem ao ex-presidente, com direito a discurso da filha dele no gramado, as uniformizadas pediram a saída de Gobbi.  Apesar de não criticarem Andrés, as organizadas também foram atingidas pelo reajuste promovido pelo departamento sob o comando do ex-presidente. Os preços dos tíquetes das uniformizadas passaram de R$ 40 para R$ 50, fora os descontos por fidelidade.

Além da chiadeira contra os preços salgados, há o receio de conselheiros de que o estádio receba público pequeno em jogos de pouco interesse e em condições adversas (no frio, por exemplo). Isso depois que passar a empolgação dos corintianos com a nova casa e se os preços não forem reduzidos.

Oficialmente, Andrés e Gobbi negam haver atritos entre eles, mas seus correligionários não seguem a mesma linha.

Divergências à parte, uma das explicações para a administração da arena ser independente da do clube é evitar que as receitas do estádio sejam penhoradas por dívidas do clube. A maior parte dos recursos será usada para pagar a obra, avaliada em cerca de R$ 1 bilhão. Mesmo assim, a direção do estádio poderia estar subordinada a Gobbi, se houvesse interesse.

Andrés Sanchez não fala com o blog, por isso não pôde ser ouvido sobre o reajuste.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.