Topo

Perrone

Antes de semi, Marin exibe poder: 'Criei a lei de veto a convocações'

Perrone

08/07/2014 01h30

Na véspera da semifinal entre Brasil e Alemanha, José Maria Marin, presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa, deu uma demonstração de poder sobre a comissão técnica da seleção brasileira. Em entrevista ao blog, em Belo Horizonte, ele lembrou espontaneamente que criou a "lei de veto", pela qual obriga Felipão a apresentar com 48 horas de antecedência a relação de convocados para o time nacional.

O blog aproveitou o encontro com o dirigente num dos hotéis usados pela Fifa para confirmar a informação de que ele anda se queixando da ausência de Robinho na equipe de Luiz Felipe Scolari, isso por sentir a falta de um jogador mais experiente e achar que ele incrementaria o ataque brasileiro. Mas Marin preferiu não responder à pergunta.

Como de costume, o dirigente estava envolvido num ambiente que combinava mais com um cartola da Federação Paulista do que com o número 1 do COL. Ele estava sentado em volta de uma mesa no saguão, ao lado de Marco Polo Del Nero, mandatário da FPF, membro da Fifa e que vai assumir a CBF em abril do ano que vem. Por duas vezes, Del Nero interrompeu a entrevista para se manifestar. Porém, quando indagado pelo blog se era constrangedor para um dirigente da Fifa ouvir Felipão insinuar que a federação internacional não quer o Brasil campeão, não quis responder. "O presidente Marin já respondeu", afirmou.

Perto dos dois, estava Reinaldo Carneiro Bastos, vice da Federação Paulista. Num sofá, de costas para os dois comandantes da CBF, estavam as mulheres de Marin, Bastos e uma moça aparentando menos de 30 anos, também integrante da comitiva.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista com Marin.

Quem o senhor prefere no lugar do Neymar?

Eu não criei a lei de veto, com a lista de convocação entregue a mim 48 horas antes [das convocações]? Não vetei ninguém, então confio em todos, confio em quem entrar no lugar do Neymar.

O senhor sente a falta de um jogador mais experiente, como o Robinho?

Aí vou parar de falar com você. Não vou entrar em particularidades. Já está bom para a seleção chegar numa semifinal, contra a Alemanha, um dos melhores times da competição, sem o Neymar… [Del Nero interrompe com irritação: "Você não quer o Brasil campeão"? Respondo que estou trabalhando].

Nosso foco é o título, mas respeitamos todos os adversários.

O que o senhor acha de o Felipão reclamar constantemente da arbitragem e insinuar que a Fifa não quer o Brasil hexacampeão nesta Copa?

Só posso dizer que a CBF tomou todas as medidas que acha necessárias. [Tentou, em vão, anular o cartão amarelo que tirou Thiago Silva da semifinal e não conseguiu uma punição para o colombiano Zuñiga].

Mas concorda que a Fifa não quer o Brasil campeão aqui?

Prefiro não me manifestar.

Vai conversar com o Felipão assim que acabar a Copa sobre a possível permanência dele?

Nosso foco é conquistar o título Mundial, sobre o futuro vamos falar depois.

Depois da Copa do Mundo, o senhor pode renunciar para que Marco Polo Del Nero, seu vice-presidente, já assuma a CBF e ganhe tempo para fazer as mudanças que quiser?

[Del Nero balança a cabeça para os lados e bate nas duas pernas em tom de reprovação da pergunta e diz: "Nós estamos sempre juntos, sou vice dele".]
Nosso foco é a Copa, outras coisas vamos discutir depois. Mas nunca renunciei a um cargo. Respeito quem já renunciou, mas nunca fiz isso.

Como presidente do COL, qual sua avaliação sobre a Copa do Mundo no Brasil?

Nossa avaliação é de que foi muito boa.

Mas aconteceram alguns problemas, de segurança, por exemplo.

É um evento muito grande, natural que aconteça uma coisa ou outra. Mas no geral a Copa foi muito boa.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.