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Futuro presidente da CBF terá inimigos fortalecidos após vexame

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08/07/2014 21h45

O homem que terá a missão de comandar as mudanças na seleção brasileira após o vexame na semifinal da Copa do Mundo diante da Alemanha passou boa parte do segundo tempo do jogo de cabeça baixa, sem ver a partida. Marco Polo Del Nero, que vai assumir a CBF em abril do ano que vem, mas que já ajuda José Maria Marin a administrar a entidade, manuseava o celular, em alguns momento do jogo em que o Brasil foi humilhado.

Poucas vezes durante a partida esboçou reação. Passou a maior parte dos 90 minutos na tribuna lotada de dirigentes da Fifa sem falar com ninguém. Quando os alemães já tinham enfiado seis gols, Del Nero foi consolado por um dos cartolas da entidade internacional, que agradou seu ombro.

O brasileiro, porém, não demostrava abalo. Diferentemente de Marin, que parecia atordoado com os gols alemães, gesticulando e reclamando menos do time do que em jogos anteriores. Tomar de 7 a 1 deve ter sido um baque e tanto para Marin que horas antes do jogo saiu do hotel em Belo Horizonte dizendo que "nos veremos no Rio", local da final. Um pesadelo para a dupla que apostou todas as fichas na manobra de trocar Mano Menezes por Felipão.

Ao menos os dois dirigentes têm outra manobra para comemorar. A antecipação da eleição para a presidência da CBF, que foi feita antes da Copa. Eleito, Del Nero só assume em abril de 2015. Se tivesse que pedir votos depois do vexame no Mundial em casa, hoje estaria num apuro ainda maior.

Além de reconstruir a seleção, o dirigente terá que se defender dos ataques do Bom Senso FC e de um provável bombardeio vindo de Brasília. Dilma Rousseff já manifestou apoio ao movimento organizado por jogadores, que certamente terá novos argumentos após a tragédia do Mineirão. A presidente acenou com mudanças na legislação que podem desagradar a cartolagem. O vexame histórico em BH deve dar mais apetite para Romário pedir a CPI da CBF. E ainda tem a candidatura do principal inimigo político de Del Nero, Andrés Sanchez, a deputado federal.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.