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Marin não liga para presidente colombiano, mas gruda em Marta e Del Nero

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05/07/2014 11h29

José Maria Marin desperdiçou nesta sexta a chance de, enfim, agir em público como presidente do COL (Comitê Organizador Local) da Copa, não como cartola da CBF. Ele assistiu à vitória do Brasil sobre a Colômbia, por 2 a 1, ao lado do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que separava o brasileiro de Joseph Blatter.

As presenças de um chefe de Estado e do principal dirigente da Fifa na mesma tribuna do Castelão, no entanto, não foram aproveitadas por Marin para ultrapassar a fronteira da CBF. Ele praticamente ignorou o presidente colombiano e se manteve preso ao cordão umbilical que o liga a Marco Polo Del Nero, seu vice e mandatário da confederação brasileira a partir de abril de 2015.

Foi com Del Nero, sentado na fileira de trás, a duas cadeiras de distância, e com a jogadora Marta, que Marin preferiu conversar ou, na maioria das vezes, desabafar durante o jogo.

O esforço do dirigente brasileiro para chamar a atenção de Del Nero e de Marta destoava das posturas quase sempre protocolares dos presidentes da Colômbia e da Fifa. Marin passava o braço por trás do ombro direito de Santos, sem encostar nele, para gesticular com seu vice. Numa dessas vezes, quase acertou um direto no colombiano. E quando o adversário teve um gol anulado, ele socou uma cadeira vazia enquanto falava com Del Nero, como se estivesse reclamando da defesa brasileira. Só parou quando foi contido por sua mulher, sentada ao lado.

No mesmo lance, o presidente da Colômbia conversou com Blatter. Provavelmente reclamou da arbitragem, pois o suíço abriu um pouco os braços, com as mãos espalmadas, como quem diz: "O que eu posso fazer?".

Conforme a partida ficou mais dramática por causa do gol colombiano, Marin se tornou mais espalhafatoso. No final, comemorou efusivamente a classificação para as semifinais com Marta, a poucos metros dos ministros da Defesa, Celso Amorim, e do Esporte, Aldo Rebelo. Em seguida, deixou a tribuna sem se estreitar relações com Blatter. Saiu do estádio com uma semelhança em relação ao impagável cantor Falcão: ambos não demonstraram intimidade com o suíço

O cearense, metido num terno com estampas da bandeira do Brasil, mais chamativo do que a gravata amarela de Marin, ao menos, se esforçou. Instalado no camarote ao lado, o músico, de maneira jocosa, estendeu os braços e acenava para chamar a atenção de Blatter no final do intervalo. Não foi correspondido.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.