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Nova era Dunga começa com alfinetadas em Felipão e sombra de Gallo

Perrone

22/07/2014 13h10

A nova era Dunga começou com alfinetadas em Felipão durante a primeira entrevista coletiva do novo técnico da seleção, nesta terça. Como quando foi dito que o jogador precisa sempre brigar por sua convocação. Ou seja, não vai mais existir família, grupo fechado com um ano de antecedência. Se bem que Dunga também já teve sua patota.

Outro cutucão em Felipão, válido para Parreira, aconteceu quando Dunga disse que "não podemos achar que vamos ganhar a Copa antes de ela acontecer". Na fase que antecedeu o Mundial de 2014, Felipão pintou o Brasil como favorito. Parreira, ao ser indagado se havia chegado a Teresópolis a seleção hexacampeã, afirmou que sim.

Porém, o menos sutil dos trancos foi dado quando Dunga respondeu se também se reuniria com jornalistas para ouvir as opiniões deles, como fez Felipão em Teresópolis.    "As conversas têm que ser assim, para todo mundo ouvir", disse o novo técnico do time nacional.

Logo que ele respondeu, José Maria Marin balançou a cabeça como quem concorda. Dessa forma, o presidente da CBF confirmou o que já se sabia: ele não gostou de Scolari se reunir na Granja Comary com um grupo de seis jornalistas com quem se dá bem, depois do jogo com o Chile.

No mais, nenhuma demonstração durante a entrevista de que o futebol brasileiro começa a passar por uma profunda reformulação. Até agora, a grande mudança é a mesa da CBF ter ficado maior nessas ocasiões. Se Felipão costumava aparecer ao lado de Marin e Marco Polo Del Nero, que vai assumir a CBF em abril de 2015, mais gente cercou Dunga. O coordenador Gilmar Rinaldi e Alexandre Gallo, responsável pelas categorias de base, também estavam lá.

Gallo foi confirmado como técnico da seleção olímpica. Cargo equivalente ao de sombra do treinador do time principal. Um dos desafios de Dunga agora será não entrar em parafuso se desconfiar de uma conspiração para que Alexandre assuma seu posto no Mundial de 2018. E quem pode ter certeza de que isso nunca ocorrerá? Qual será o desejo de Del Nero se o Brasil ganhar o ouro olímpico no Rio e se a seleção principal estiver tropeçando?

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.