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Quatro motivos explicam como Dunga não combina com as necessidades da CBF

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19/07/2014 12h38

Cartola de um clube paulista afirma que Dunga foi visto na última quinta deixando o restaurante La Tambouilie, em São Paulo. A presença dele na cidade em que vive a cúpula da CBF, no entanto, não deve ser considerada indício de que o ex-volante será o substituto de Felipão.

José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, que comanda a FPF e assumirá a confederação em abril de 2015, autorizaram o coordenador Gilmar Rinaldi a conversar com vários treinadores brasileiros. Da mesma forma como Alejandro Sabella, da seleção argentina, foi sondado.

O que chama atenção no caso de Dunga ser cogitado é como o nome do treinador não combina com o atual momento da CBF. Só que a escolha de Rinaldi, empresário de jogadores que se aposentou na véspera de assumir o cargo, também destoa do que a confederação precisa no momento em que é atacada por todos os lados, principalmente por setores do Congresso Nacional.

No caso de Dunga, veja quatro motivos pelos quais a volta do técnico à seleção não combina com as circunstâncias vividas pela CBF hoje.

1 – Globo

Marin e Del Nero vivem em harmonia com a emissora, parceira comercial da Federação Paulista e da Confederação Brasileira. As feridas deixadas pelo relacionamento entre o treinador e a rede de TV na Copa de 2010 não cicatrizaram. Difícil imaginar que o técnico volte domesticado a ponto de dar privilégios a Globo.

2 – Popularidade

A CBF quer e precisa de um nome popular para amansar seus críticos. Dunga não aparece na pesquisa feita pelo Datafolha que apontou Tite como o favorito do torcedor com 24%. Não é demais lembrar que nomear um empresário de jogador para coordenar todas as categorias da seleção brasileira também não é uma medida popular. Mas foi adotada pela CBF.

3 – Jovens

Se assumir a seleção, Dunga terá que rever seus conceitos sobre levar promessas do futebol brasileiro para uma Copa do Mundo. Antes do Mundial de 2010, ao ser questionado sobre não convocar novatos como Ganso e Neymar, que poderiam ganhar experiência para disputar a competição em casa, o técnico respondeu que não estaria no cargo em 2014. Tinha que se preocupar só com a Copa de 2010. Mas agora a CBF quer uma cota de atletas das categorias de base no time principal, pensando na formação desses jogadores. Felipão teve na Copa uma equipe com pouca experiência no torneio. Além disso, é uma incógnita como seria a relação de Neymar, astro da seleção, com o treinador que o barrou de um Mundial.

4 – Renovação

A palavra acima é a mais ouvida hoje na CBF, chamada de retrógrada por críticos como jogadores integrantes do Bom Senso FC e políticos. Trazer um treinador que dirigiu a seleção em 2010 soaria como um passo atrás. Em 2014, a seleção fracassou com um treinador que já tinha passado por ela: Felipão, campeão mundial em 2002 e agora comandante do time nacional em sua pior derrota em quase 100 anos de história, a goleada por 7 a 1 para a Alemanha na Copa-14.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.