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Rescisão milionária de Felipão vira munição contra CBF em Brasília

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03/08/2014 10h05

A rescisão contratual milionária de Luiz Felipe Scolari, hoje no Grêmio, aumentou a lista de argumentos dos parlamentares que querem criar um mecanismo de controle para as contas da CBF.

De acordo com reportagem da "Folha de S.Paulo", o treinador recebeu ao menos R$ 4,1 milhões ao ser demitido sem justa causa. O gasto com todos os demitidos da comissão técnica após o vexame na Copa do Mundo chega a cerca de R$ 9 milhões. Nesse valor estão rescisão contratual na carteira de trabalho, multa pela demissão e FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) é um dos congressistas que incorporaram a alta quantia paga a Felipão à campanha por uma fiscalização nas finanças da Confederação.

"O dinheiro pra eles é uma brincadeira. O cara dá um vexame e ele a comissão técnica dele levam nove milhões pra casa. É o fracasso remunerado. A CBF faz contratos como quer. Se a gente pudesse governar o Brasil com essa facilidade de dinheiro, não haveria problema no país", afirmou Dias ao blog.

Após o fiasco da seleção na derrota por 7 a 1 para a Alemanha, ele apresentou um projeto de lei que prevê a fiscalização das finanças da Confederação Brasileira pelo TCU (Tribunal de Contas da União). O senador argumenta que o futebol é patrimônio cultural brasileiro. E que, assim, os recursos originados pela seleção são públicos.

Como bem observou o leitor Marcelo Leandro em seu comentário abaixo, a constituição federal não cita o futebol como patrimônio cultural. No entanto, diz que fazem parte deste patrimônio as formas de expressão e os modos de criar, fazer e viver. 

O alto valor das rescisões, principalmente de Felipão e Carlos Alberto Parreira, é fruto do salário que a cúpula da entidade decidiu dar a seus contratados. Também segundo a "Folha de S.Paulo", cada um ganhava cerca de R$ 600 mil, mas em junho receberam pouco mais de R$ 900 mil por conta de premiações.

Os R$ 9 milhões pagos na rescisão de todos os membros da comissão técnica representam aproximadamente 17% do lucro obtido pela CBF em 2013, que foi de cerca de R$ 55 milhões.

Os milhões gastos na demissão dos profissionais que fracassaram no Mundial embalam antiga discussão sobre a CBF ter dinheiro de sobra enquanto federações e até alguns dos grandes clubes do país estão praticamente falidos. Todos são filiados à confederação.

O blog não conseguiu falar por telefone com José Maria Marin, presidente da CBF, sobre o assunto.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.