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Vídeo levado por Palmeiras ajuda a absolver Corinthians, diz membro do STJD

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07/08/2014 12h12

Colaboração de Guilherme Costa, do UOL, em São Paulo

Uma situação inusitada aproximou Corinthians e Palmeiras na última quarta-feira (06), em julgamento da 3ª Comissão Disciplinar do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). As duas equipes foram denunciadas por danos causados ao Itaquerão em clássico disputado no dia 27 de julho, válido pelo Campeonato Brasileiro, e imagens levadas pelo time alviverde ajudaram a absolver o rival. O clube do Palestra Itália recebeu multa de R$ 50 mil.

Corinthians e Palmeiras foram denunciados em 31 de julho. A procuradoria-geral do STJD enquadrou os dois times no artigo 213 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), que fala em "deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto". As punições possíveis eram multa de até R$ 100 mil e perda de mando de campo em até dez partidas.

"Quem levou um vídeo esclarecedor foi o próprio Palmeiras. O Corinthians conseguiu os vídeos de todas as câmeras de segurança do estádio, mas enviou para a Federação Paulista [de Futebol], que mandou por Sedex para o tribunal. As imagens não chegaram a tempo", contou Fabrício Dazzi, presidente da 3ª Comissão Disciplinar do STJD.

O Palmeiras obteve imagens de uma câmera de segurança do estádio – conteúdo cedido pelo Corinthians –, mas optou por estratégia diferente. Em vez de enviar para a FPF, o time alviverde levou o vídeo para a sessão do tribunal.

"Também havia a prova de vídeo da denúncia, que já nos fez entender dessa forma", afirmou Dazzi sobre a multa ao Palmeiras e a absolvição do Corinthians. "A gente não viu gravidade para perda de mando de campo. A polícia estava atuante, ao lado, e a gente viu que foi tudo orquestrado por alguns torcedores. Havia mais de 500 policiais, e isso foi comprovado pelos vídeos", completou o jurista.

A procuradoria do STJD pediu punição aos dois clubes pelos danos ao Itaquerão – a torcida do Palmeiras quebrou 258 cadeiras e um secador de mãos no setor de visitantes do estádio. No entanto, a multa de R$ 50 mil à equipe alviverde e absolvição do Corinthians foram decididas por unanimidade.

"O entendimento da procuradoria é que o mandante devia ter feito algo na hora em que os torcedores estavam danificando as cadeiras. Mas quem estava fazendo a segurança era a PM, e a PM foi chamada pelos donos da casa. Ficou provado no vídeo que os policiais estavam ao lado dos torcedores. Eles quebravam as cadeiras, e os oficiais recolhiam para tirar de perto deles", disse Dazzi.

Além das imagens, alguns argumentos usados pelos advogados pesaram. O representante do Palmeiras, por exemplo, lembrou que o clube se comprometeu a pagar pelas cadeiras quebradas. A defesa do Corinthians também falou sobre o comportamento dos torcedores.

"O que a gente entendeu é que foi um ato orquestrado pela torcida. Eles tentaram entrar com máscaras e faixas ofensivas ao Corinthians, tudo para tumultuar. E mesmo assim os torcedores do Corinthians não partiram para a briga. Não houve tumulto generalizado, e a multa ao Palmeiras tem caráter pedagógico", finalizou o representante do STJD.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.