Topo

Perrone

Após quitar parte de imposto, Corinthians sofre para pagar parcela de Elias

Perrone

05/09/2014 14h09

O Corinthians está em busca de 1 milhão de euros (R$ 2,9 milhões) para pagar ao Sporting, de Portugal, a primeira parcela referente à contratação de Elias, que vence em outubro. A negociação foi feita por cerca de 4 milhões de euros (R$ 11,6 milhões). O clube não tem esse dinheiro em caixa e procura uma solução.

A gincana atrás dessa verba acontece menos de um mês após o Corinthians desembolsar entre R$ 20 milhões e R$ 21 milhões relativos a impostos atrasados. Com o dinheiro, pôde parcelar suas dívidas fiscais, que são de cerca de R$ 120 milhões.

Para fazer o pagamento, o alvinegro levantou empréstimo bancário, dando como garantia cota da Globo referente à transmissão de jogos da equipe. E também usou repasses a serem feitos pela CBF. O acordo pode livrar os ex-dirigentes Andrés Sanchez, Roberto de Andrade e André Luiz de Oliveira e o atual vice de finanças, Raul Corrêa da Silva, da ação em que são acusados de crime fiscal por supostamente recolherem impostos na fonte e não repassarem o dinheiro para a União.

O dinheiro necessário para quitar o débito referente ao retorno de Elias equivale a aproximadamente 15% do que foi gasto por causa dos impostos não pagos.

A situação ilustra a queda de braço que ocorre no Parque São Jorge entre os departamentos financeiro e de futebol. Ou entre "andresistas" e "gobbistas".

Os que cuidam do time são pressionados pelos que tomam conta do dinheiro a gastar menos e a vender jogadores para ajudar a quitar o parcelamento dos débitos ficais, que vai durar 15 anos. Por sua vez, os "gobbistas" reclama internamente de que a decisão da equipe de Andrés, incluindo o atual diretor de finanças, de deixar de pagar impostos pode afetar o time. Existe o risco de faltar dinheiro para pagar os salários em dia ainda neste ano.

O aperto financeiro, por exemplo, fez o clube não ceder um milímetro na negociação com Nilmar. Segundo os corintianos, seriam gastos, contando impostos, R$ 800 mil mensais e R$ 3 milhões de luvas para atender ao pedido do estafe do atacante, que propôs um contrato de três anos. Os alvinegros só aceitam gastar R$ 500 mil mensais num acordo de 12 meses.

Apesar do cinto apertado, a opinião de "andresistas" influentes é de que a direção do futebol não tem do que reclamar. Foram contratados os jogadores que o treinador pediu e com contratos longos. Assim, não haveria risco de o time se enfraquecer na próxima temporada, por exemplo, se faltar dinheiro para novos reforços.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.