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Juvenal fora? Aidar diz que crise política se resolve até fim do mês

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13/09/2014 06h00

Carlos Miguel Aidar abriu fogo contra Juvenal Juvêncio em entrevista à "Folha de S. Paulo" por entender que parte do grupo do ex-presidente ainda quer ter poder no São Paulo. Estava incomodado com ataques, principalmente contra sua filha, que acabou deixando o cargo de assessora da presidência a pedido do pai.

Mas a atitude de Aidar gerou ainda mais críticas internas contra ele. O conflito deixa a situação de Juvenal como diretor de futebol amador bem perto de insustentável. Uma declaração enigmática de Aidar ao blog deixou neste blogueiro a impressão de que o presidente já decidiu afastar seu antecessor.

"O São Paulo não é propriedade de ninguém. O presidente fica, as pessoas vão. Quando fui presidente, passei o cargo pro Juvenal, não pedi nada. Cada presidente que sai não quer ficar mandando. Essa é ou foi a característica do São Paulo até pouco tempo. Isso [a briga política] vai passar, em poucos dias acaba. Até o fim do mês isso se resolve", declarou Aidar.

Ao ser indagado se tomaria alguma atitude até o final de setembro para o problema acabar, o dirigente respondeu que não falaria sobre o assunto e emendou: "O tempo ajuda".

Entre os disparos feitos por aliados de Juvenal na direção do atual presidente, estão queixas contra o gasto estimado em mais de R$ 2 milhões anuais com a contratação de duas empresas de comunicação, a S/A e a Café Comunicação. Isso num momento em que Aidar reclama das dívidas deixadas por seu antecessor, prega o corte de despesas e a demissão de funcionários. Aliás, dois da área de comunicação foram demitidos.

O cartola não confirmou e nem desmentiu o valor gasto, mas defendeu a despesa responder por qual motivo decidiu fazer esse investimento em meio a uma grave crise financeira.

"Porque temos que cuidar da imagem, coisa que nunca foi cuidada. Não personalisticamente, mas a imagem da instituição. A Café é mais do que uma agência de comunicação, é comunicação, marketing e monitoramento. É algo bastante sofisticado que nenhum clube brasileiro tem. A remuneração para as duas empresas é mais do que justa", disse o presidente. Uma delas, a S/A trabalhou na campanha de Aidar para o cargo.

O sucessor de JJ também é criticado por membros da diretoria que não gostaram de ver a roupa suja do clube lavada publicamente. "Não concordo com nada do que foi colocado no jornal na entrevista [de Aidar]. Não sou Juvenal, não sou Aidar, sou São Paulo. Esse tipo de situação não pode sair de dentro, tem que se tratada internamente", afirmou Roberto Natel, homem de confiança de Juvenal e que é vice-presidente na atual administração.

Aidar, no entanto, não avalia ter sido um erro a entrevista em que detonou a gestão anterior. "O São Paulo vai ser transparente. Nada será escondido ou varrido para debaixo do tapete. No conselho, na diretoria na mídia, todas as informações serão passadas. Não há problema em revelar o que está dentro do clube. Não vou ficar mandando carta pra todo mundo, ninguém tem nem tempo de ler, mas uma matéria de jornal, de vez em quando, as pessoas leem", argumentou o cartola.

O caso já gerou o pedido informal de um conselheiro para que Leco, presidente do Conselho Deliberativo, advertisse Aidar por expor o clube. A solicitação foi rechaçada. Tanto Leco como Natel defendem que atual e ex-mandatário fumem o cachimbo da paz, entre quatro paredes.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.