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Recomeço da seleção é mais desorganizado fora de campo do que dentro dele

Perrone

10/09/2014 06h00

A primeira rodada de amistosos da seleção brasileira na volta de Dunga terminou sem grandes novidades dentro de campo. O desempenho da equipe mostrou que o treinador segue fiel ao seu estilo de forte marcação, que muitas vezes vira truculência, e de aposta nas jogadas a partir de bola parada. O time começa a ter uma cara, velha e carrancuda, mas começa a ter.

As duas vitórias pela contagem mínima sobre Colômbia e Equador já seriam suficientes para imaginar que o futuro próximo será de sofrimento para o torcedor brasileiro. É claro que é possível ser campeão sofrendo.

Porém, o que desandou foi a gestão da seleção fora de campo. Em seu primeiro teste como dirigente do time nacional, Gilmar Rinaldi não cumpriu a promessa de transparência feita quando assumiu o cargo. O ex-goleiro e ex-empresário se enrolou no corte de Maicon justamente por não ser transparente como prometera. Ele não tem culpa se irresponsáveis resolveram inventar versões, mas é preocupante o fato de alguém num cargo tão importante não conseguir administrar uma situação corriqueira no futebol como jogador que volta atrasado da folga.

Difícil não acreditar que Gilmar vacilou no episódio por sua falta de experiência na função. O agora cartola teve apenas uma passagem cargo semelhante no Flamengo.

Mais uma vez, a culpa não é de Gilmar. Fica na conta de Marco Polo Del Nero, futuro presidente da CBF, que prefere alguém de sua confiança e inexperiente a um profissional rodado, mas que não é um velho conhecido seu.

Só que o caso Maicon não foi o único que mostrou desorientação fora de campo. No começo do trabalho, estava combinado que o time principal teria uma cota de jogadores da base. Repentinamente, o protocolo mudou. Não havia mais cota. Curiosamente, no primeiro aperto foi convocado o lateral Fabinho, que estava com a seleção sub-21 no Qatar.

Em seu site, a CBF publicou que a convocação de Fabinho reforçou a integração entre a equipe principal e as demais. Se isso era tão importante, ele poderia ter sido chamado desde o início. Gilmar, Dunga e Gallo precisam definir, enfim, como serão feitas a renovação do time principal e a preparação da seleção olímpica. Do jeito que fizeram com Fabinho parece bagunça. E se existe dificuldade para lidar com o básico é de se pensar: imagine na Copa, da Rússia.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.