Topo

Perrone

Seis motivos para ficar preocupado com a seleção de Dunga

Perrone

06/09/2014 09h41

1 – Otimismo exagerado

Tudo bem que Galvão Bueno e o comentarista Júnior sejam pouco exigentes e disparem elogios à seleção, mas Dunga deveria querer mais. O treinador disse que não esperava tanto da equipe no primeiro jogo sob seu comando e classificou o rendimento como muito bom. Então, o desempenho da equipe não está tão longe do ideal? O Brasil só ganhou de 1 a 0 da Colômbia, que não está no nível de Alemanha, Argentina e Holanda. Além disso, tinha um jogador a menos. Aceitável por ser o início do trabalho, mas muito pouco para o treinador soltar rojões.

 

2 – Faltas

A seleção teve mais a cara do futebol viril de Dunga do que a habilidade que o torcedor brasileiro gosta de ver em campo. Adicione à apresentação do time ao discurso de Dunga de que a equipe precisa saber atacar, defender e fazer o gol na hora certa. O resultado será um time que joga feio e se contenta em ganhar por 1 a 0. O torcedor brasileiro, em sua maioria, não aguenta mais isso.

 

3 – Nervosismo

Como na Copa do Mundo, a seleção se preocupou muito em bater boca com árbitro e adversários. Não havia motivo pra isso num amistoso. Dunga não fez nada para conter seus comandados. Nas Eliminatórias, a tendência é os jogos serem infinitamente mais quentes, e uma expulsão pode ser mortal.

4 – 'Neymardependência'

Mais uma vez, Neymar livrou a cara do treinador e de seus companheiros de seleção com um golaço. Está com cheiro que vai ser assim nas Eliminatórias: "é só não tomar gol que uma hora o Neymar resolve".

 

5 – Capitão errado

Neymar foi craque, como quase sempre, mas não foi capitão. É compreensível a tentativa de Dunga de dar mais responsabilidade ao atacante, mas adiantar que a braçadeira é definitivamente dele pode ter sido precipitação. Mudar depois, se ele não entender a missão, vai ficar chato. O capitão tem que ser o mais calmo, saber representar o time junto ao árbitro, afastar dele companheiros encrenqueiros. Neymar não fez nada disso. Apanhou muito, mas continuou deixando a impressão de que faz todas as faltas parecerem piores do que são. Não combina com um capitão.

6 – Safra

A seleção não teve contra a Colômbia e não existe expectativa de ter para as Eliminatórias um veterano que jogue em alto nível (de verdade) para encorpar o time e facilitar a transição até o Mundial. Como também não teve um moleque talentoso a ser lapidado até a Copa da Rússia para ser o parceiro de Neymar. O jovem com mais potencial era um zagueiro, Marquinhos. A safra não ajuda o treinador.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.