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Sem Juvenal, São Paulo quer abrir 'caixa preta' das categorias de base

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17/09/2014 06h34

Após a demissão de Juvenal Juvêncio da direção de futebol amador, a cúpula do São Paulo inicia uma operação para abrir o que chama de a caixa preta do CT de Cotia. O argumento é de que o ex-presidente dificultava o acesso do departamento de futebol profissional às informações das categorias de base, impedindo a integração. Por essa versão, os obstáculos atrapalham até o técnico Muricy Ramalho.

A suposta cortina de ferro em volta do Centro de Treinamento dos times amadores foi um dos motivos que provocaram o rompimento de Carlos Miguel Aidar com seu antecessor na presidência. Nas palavras de um membro da diretoria, agora, com a chave do CT da base nas mãos, Aidar poderá, de fato, exercer a presidência. Por isso está aliviado após enfrentar o ex-presidente.

Segundo integrantes da atual administração, um dos exemplos de como Cotia se tornou um território fechado é o fato de uma empresa contrata para fazer levantamento em todas as áreas do clube não ter obtido as informações que desejava no centro de produção de jogadores são-paulinos.

A meta agora é desvendar todos os contratos de jovens atletas para saber exatamente quem são os agentes e empresas que têm participação nos direitos econômicos deles. E descobrir se aconteceram irregularidades nos processos de seleção de jogadores.

Uma das intenções é colocar em prática um projeto capitaneado pelo jogador Pita que reduzirá drasticamente a quantidade de atletas nas categorias de base, em tese, possibilitando uma avaliação melhor de cada um deles. O tamanho das categorias de base gerou atrito entre Juvenal e Aidar. Pelos números do atual presidente, eram no começo do ano 320 jogadores. Houve redução para 240 e agora, sem a resistência de JJ, o plano é chegar a 150.

Comissão polêmica

Outra missão é descobrir se há mais casos como o de Lucas Evangelista. Segundo relatos da nova diretoria, o clube se comprometeu a pagar 10% de sua parte como comissão na venda do jogador para a Udinese ao empresário Joseph Lee a título de formação e desenvolvimento do atleta, formado no São Paulo. Ele foi negociado por aproximadamente 4 milhões de euros. O clube tinha direito a 60% dos direitos econômicos. Mas tem que dar 10% de comissão para a Traffic pela intermediação da venda, além da porcentagem para Lee.

Pelo menos hoje, a decisão é não pagar a quantia que Lee teria direito. O blog telefonou para o empresário, mas ele não atendeu e nem retornou às ligações. Por sua vez, Juvenal disse que estava ocupado e ligaria mais tarde, mas não ligou.

Porém, segundo ex-integrante do estafe de JJ, a dívida com o agente é referente ao fato de ele ter ajudado o clube a contratar o zagueiro Rhodolfo. O empresário não recebeu dinheiro no ato, mas pôde escolher receber quando clube negociasse três jogadores. Outro da lista era o jovem Mirray. O argumento é de que em outras ocasiões, como quando o São Paulo brigou com o empresário de Oscar, Giuliano Bertolucci, levado para o Internacional, Juvenal foi criticado por não saber lidar com agentes, então, se adaptou ao mercado.

Nas novas incursões por Cotia a direção também quer confirmar se há pais de jogadores que recebem ajuda de custo, o que a atual administração promete cortar.

Para derrubar o muro que a nova cúpula são-paulina diz existir no CT das categorias de base, além de Juvenal, também foi demitido Geraldo Oliveira, funcionário do clube que cuidava de Cotia e constantemente era alvo de críticas de conselheiros. Em entrevista ao canal Fox Sports, na última segunda, o ex-presidente elogiou Oliveira, descrevendo o funcionário como um guardião de Cotia.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.