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Citadini se afasta de campanha da oposição no Corinthians

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25/10/2014 07h50

 

Antonio Roque Citadini, vice-presidente de futebol do Corinthians entre 2001 e 2004, decidiu deixar a coordenação da campanha da principal ala da oposição à presidência do clube. Ele era um dos articuladores da candidatura ao lado de Fran Papaiordanou.

Citadini resolveu se afastar depois de ouvir em sua casa, na última quarta-feira, que Paulo Garcia pretendia ser candidato. Osmar Stábile, outro componente do grupo, não via com bons olhos a possível candidatura de Citadini, que era um dos mais cotados. Os dois nunca se deram bem. Citadini não vê qualidade nos correligionários do desafeto. Chegou até a entrar na conta de um conselheiro de oposição no Facebook para desmentir que faria parte de uma chapa com Sábile.

Agora, o ex-vice de futebol tem sido aconselhado a montar uma nova chapa de oposição. Ele também pode fazer uma composição com dissidentes da atual situação, com quem deve se reunir na próxima terça. Inicialmente, o encontro seria para discutir a união da chapa opositora com o pré-candidato Ilmar Schiavenato, ex-diretor social do clube. Outra possibilidade estudada por Citadini é votar em Garcia, mas sem fazer campanha para ele.

A insatisfação é tão grande que Roque, como é chamado no Parque São Jorge, não está disposto nem a entregar para a campanha de Garcia dados que coletou para a candidatura. Ele tem um cadastro com cerca de três mil sócios e manda diariamente e-mails para alguns deles. Inclusive, já enviou um texto sobre o ocorrido na última quarta. Seu pensamento agora é de que agora, o restante do grupo terá que organizar a candidatura sozinho.

Os demais apoiadores de Garcia, no entanto, consideram natural que o candidato passe a assumir a linha de frente no lugar de Citadini. E não acreditam em racha da oposição, pois não houve bate-boca entre Roque e Garcia, apesar das posições contrárias. Esperam que o ex-vice retorne à campanha, que estava na rua faz tempo, mesmo sem candidato definido.

No começo de 2014, Citadini disse a Garcia que a oposição precisava se organizar melhor de que nas outras vezes em que o colega foi candidato e cuidou da organização. Por isso assumiu as costuras políticas ao lado de Fran, combinando que a definição do postulante à presidência seria mais tarde. Com o passar do tempo, Garcia não foi para a trincheira, causando a expectativa de que Roque seria o candidato.

Enquanto trabalhava na campana, Citadini enxergava pontos falhos em Garcia e externou a preocupação ao grupo. Dizia que, se fosse candidato, ele teria dificuldades para explicar a doação de mais de R$ 300 mil à campanha do situacionista Andrés Sanchez a deputado federal.

Outro problema apontado por ele é o fato de Luis Fernando Garcia, irmão de Paulo, ser dono de uma empresa que agencia jogadores e ter atletas no Corinhtians. A Luis Fernando Assessoria, por exemplo, adquiriu pelo menos 40% dos direitos econômicos de Malcom (depois teria repassado 5% para outra empresa). Assim, aos olhos de Citadini, Garcia seria um candidato de oposição que teria que defender algumas ações da situação, como as negociações com seu irmão. Por sua vez, Roque poderia atacar livremente o fato de o clube negociar jogadores da base com empresários e até conselheiro, caso de Luis Fernando e que configura relação proibida pelo estatuto alvinegro.

Uma das bandeiras de Citadini é o fim das negociações dos direitos de jogadores da base e a diminuição do número de comissões pagas a empresários.

Nesse cenário, a missão de Paulo é mostrar que sua campanha tem musculatura para sobreviver sem Citadini e com o peso da doação de uma de suas empresas para Andrés somado à carga de ter um irmão empresário e conselheiro com jogadores no Corinthians. A eleição acontece em fevereiro de 2015.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.