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Comparação de atletas entre Tite e sucessor atrapalhou Mano no Corinthians

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17/10/2014 06h00

Logo após a eliminação do Corinthians no Campeonato Paulista de 2014, a direção do clube foi informada por um membro fixo da comissão técnica de que um grupo de jogadores não estava se adaptando ao estilo de Mano Menezes. Eram alguns dos atletas remanescentes do time campeão mundial e da Libertadores em 2012. Eles estranhavam as diferenças de comportamento e métodos de trabalho entre o atual treinador e Tite. Assim, o vestiário não estava em harmonia.

Na ocasião, a cúpula alvinegra avaliou ser uma situação normal em início de trabalho. Porém, após a eliminação na Copa do Brasil diante do Atlético-MG, cartola que acompanhou aquele episódio disse ao blog que algumas diferenças não foram superadas. Segundo ele, desde aquela época parte dos veteranos se incomoda com o estilo de Mano, mais durão do que Tite, considerado paizão.

Por esse relato, os incomodados identificam doses de soberba e ironia em Mano no trato com atletas que ganharam alguns dos principais títulos da história alvinegra.

Após seus dois primeiros jogos no retorno ao clube, por exemplo, Mano cobrou os jogadores até para mudarem o hábito de começarem a almoçar em momentos diferentes na concentração. Estabeleceu que todos deveriam ir para a mesa simultaneamente.

Além do temperamento de Mano, a carga de treinamento imposta por ele foi considerada mais puxada do que nos tempos do ex-treinador na opinião de alguns dos ex-comandados de Tite. Havia resistência em abandonar o sistema de trabalho que levou o elenco a triunfos históricos, apesar do fracasso no Brasileiro de 2013. Por sua vez, a diretoria avaliava que a maioria dos jogadores estava acomodada, por isso aplaudia o novo técnico.

O blog apurou que Guerrero, autor do gol do título mundial contra o Chelsea, teve uma fase crítica de descontentamento no primeiro semestre por ter sido colocado na reserva.

A análise de que o estilo de Mano ainda é indigesto para alguns dos atletas que triunfaram com Tite não é compartilhada por todos na diretoria. Existem os que confirmam o problema no início, mas entendem que eles foram superados. Principalmente com as saídas de alguns dos atletas com dificuldades para se adaptar ao estilo de Mano, como Douglas e Sheik.

Quem considera o problema resolvido diz que quando as lesões musculares rarearam e o time chegou a brigar pela liderança do Brasileiro os "órfãos" de Tite se desarmaram em relação às práticas de Mano.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.