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Conselheiro do Corinthians é mais 'dono' de Malcom do que o clube

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09/10/2014 06h00

A participação do Corinthians nos direitos econômicos do atacante Malcom, 17 anos,  foi reduzida a ponto de um conselheiro ser mais "dono" da revelação alvinegra do que o clube. Luis Fernando Menezes Garcia, membro vitalício do Conselho Deliberativo, de acordo com o site do clube, é um dos sócios da empresa que adquiriu fatia de 40% do atleta formado no Parque São Jorge..

Como o blog mostrou na última terça, o Corinthians possui 30% dos direitos econômicos de Malcom. Uma empresa chamada ART e uma assessoria esportiva de São Paulo têm 15% cada. Os 40% restantes são da Luis Fernando Assessoria Esportiva, do conselheiro corintiano, conforme registros do clube. Após a publicação deste post, Fernando Garcia deu entrevista à ESPN afirmando que vendeu 5% de seus direitos. Essa negociação não aparecia nos documentos do Corinthians até a data da publicação do post.

Além de membro do conselho, o sócio majoritário nos direitos de Malcom é irmão de Paulo Garcia, um dos líderes da oposição corintiana, mas que fez doação para a campanha a deputado federal de Andrés Sanchez.

Se o estatuto corintiano fosse seguido à risca, Fernando Garcia, como é conhecido o empresário no clube, teria problemas para seguir no Conselho Deliberativo. O artigo 43, publicado no site oficial do Corinthians, diz que não poderá fazer parte dos poderes sociais do clube o sócio que tenha relação profissional com a agremiação "na condição de procurador, empresário, agente de atletas ou como sócio dos que exerçam tais atividades".

A ficha cadastral da Luis Fernando Assessoria Esportiva na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) define como atividade da empresa, fundada em 2007, agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas. Fernando Garcia aparece como sócio e administrador, assinando pela empresa.

O blog telefonou para a Luis Fernando Assessoria Esportiva, mas o funcionário que atendeu o telefone e se identificou como Maurício disse que Luis Fernando não estava e que as informações sobre Malcom são confidenciais por contrato. Afirmou também que o assessor de imprensa da empresa, Olivério Júnior, ligaria para o blog, mas ele não telefonou. Olívério trabalha também para Andrés, amigo de Fernando Garcia.

Por sua vez, Ademir de Carvalho Benedito, presidente do Conselho Deliberativo, disse que precisava consultar o estatuto para confirmar o veto a conselheiros empresários. Afirmou ainda que, se for o caso, o Conselho só pode tomar uma atitude ao ser informado oficialmente sobre a situação. "Estou surpreso por saber que um jogador tão novo já tem esse tipo de relação jurídica (direitos econômicos fatiados). No Conselho não ficamos sabendo dessas negociações", declarou o dirigente. Pelo estatuto, quem ferir o artigo 43º perde o seu mandato, devendo ser substituído, ainda que seja conselheiro vitalício.

Malcom é um raro caso de jogador da base aproveitado no Corinthians nos últimos anos.

 

Veja abaixo, a ficha cadastral da empresa do conselheiro na Jucesp e trecho do estatuto que veta a relação de sócios com o clube como agentes de jogadores.

Ficha da empresa de Luis Fernando Menezes Garcia na Jucesp

Ficha da empresa de Luis Fernando Menezes Garcia na Jucesp

 

 

Reprodução

Reprodução

Trecho do estatuto do Corinthians

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.