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Diretor do Corinthians pede demissão após penhora de verba para CT da base

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03/10/2014 07h19

 

José Max Reis Alves, diretor de gestão administrativa do Corinthians e um dos homens de confiança do presidente Mário Gobbi, pediu demissão. Sua saída está ligada a uma questão central no clube: o tratamento dispensado às categorias de base.

Max deixou o cargo após perder receita que seria usada para a construção do Centro de Treinamento da base. A obra agora está suspensa, numa demonstração de que o projeto, crucial para a formação de jogadores, está longe de ser prioridade para a atual administração.

A gota d´água para o afastamento foi a penhora numa conta criada para receber recursos captados via lei de incentivo ao esporte com o objetivo de bancar a construção do CT. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 2,6 milhões do clube por causa de diferentes processos. O Corinthians poderia oferecer outras receitas para a penhora, solicitando o desbloqueio, mas não o fez, congelando os planos de construção do quartel general das divisões que formam jogadores. A alegação é de que não há outras quantias para substituir o montante penhorado.

"O motivo pelo qual me desligo é que o projeto do CT das categorias de base teve seus recursos bloqueados. Minha missão era tocar esse projeto, assim, não tenho mais o que fazer no clube", afirmou Max ao ser indagado pelo blog sobre sua decisão.

Esse não foi o primeiro corte de receitas que o centro de treinamento sofreu. O clube já havia usado cerca de R$ 1,7 milhão destinado pela Ambev para as obras do CT no pagamento de suas contas cotidianas. Após o bloqueio judicial, sobraram para o projeto cerca de R$ 300 mil.

No total, o Corinthians havia captado aproximadamente R$ 4 milhões para a obra, além de o equivalente a R$ 2 milhões em serviços. O primeiro modo do projeto estava avaliado em R$ 11 milhões.

A receita já obtida era suficiente para a construção do departamento de fisioterapia e de três gramados, entre outras instalações, o que permitira aos times Sub-20 e Sub-17 treinarem na nova casa a partir de março do ano que vem. Mas a perda de receitas adia os planos. Agora não há data definida para a execução do projeto.

Assim, os jovens corintianos continuam treinando no Flamengo de Guarulhos, local que o alvinegro precisou reformar e já gerou gastos de pelo menos R$ 600 mil.

Ao não encontrar uma saída a fim de evitar o bloqueio do dinheiro para o lar das categorias de base, além de deixar a formação de atletas em segundo plano, a diretoria está arriscada a enfrentar problemas com o Ministério do Esporte. Os recursos captados por meio da lei de incentivo ao esporte só podem ser usados nos projetos aprovados pela pasta. O dinheiro é referente a impostos que contribuintes pagam e autorizam que sejam destinados a determinados projetos. O blog telefonou para Luiz Alberto Bussab, diretor jurídico do Corinthians, mas ele não atendeu.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.