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Eleição e até time de Taubaté aumentam 'fritura' de Brunoro no Palmeiras

Perrone

15/10/2014 06h00

Na última segunda, o Conselho Deliberativo do Palmeiras definiu Paulo Nobre e Wlademir Pescarmona como candidatos à presidência do clube (Luiz Carlos Granieri não conseguiu aprovar sua chapa) e deu a largada para a fase mais acirrada da campanha eleitoral. O primeiro a sofrer as consequências é o dirigente remunerado do clube José Carlos Brunoro.

Antes mesmo da votação no conselho, aliados de Nobre asseguravam a quem perguntava sobre o assunto que Brunoro não permanecerá no cargo num eventual segundo mandato do atual presidente. O profissional é considerado um dos principais culpados pela má campanha do time no Brasileiro e há quem ameace não votar em Nobre com medo de sua permanência. Por isso o núcleo duro da campanha do presidente trata como certa sua saída no final do ano.

Mas não é o suficiente. Muitos conselheiros insistem para que ele seja demitido já. Afirmam que sua presença pode enfraquecer a campanha de Nobre e que eventuais ataques da oposição a ele podem atingir o time. Se atletas contratados por Brunoro forem criticados, por exemplo. Por isso, a pressão por sua saída imediata já aumentou nas primeiras horas da nova fase da campanha. No dia 29 de novembro, os associados do Palmeiras escolherão o presidente do clube.

A ação mais contundente contra Brunoro foi do conselheiro Mauro Marques. Ele enviou um e-mail ao presidente do Conselho Deliberativo, Antônio Augusto Pompeu de Toledo, com perguntas sobre o contrato do dirigente. Marques indaga se a Brunoro Sports pode assinar contrato com outro clube e se a mesma assinou com o Taubaté, da Série A-3 do Campeonato Paulista. Pergunta ainda se isso não configuraria conflito de interesses.

"Eu não trabalho para o Taubaté. A minha empresa é que está desenvolvendo um estudo para o Taubaté para apresentar um projeto visando o ano que vem. Eles vão analisar e decidir se querem que a empresa toque o projeto em 2015. Hoje, minha participação na empresa é mínima, só em casos pontuais. E não há conflito de interesses porque o Taubaté não joga na mesma divisão que o Palmeiras", disse Brunoro ao blog.

Marques também perguntou se a multa para o Palmeiras rescindir o contrato de Brunoro é igual a dois meses de salário. O compromisso termina em dezembro e, se a multa for realmente essa, como afirmam conselheiros, afastar o funcionário no fim de outubro ou no final do ano daria no mesmo em termos financeiros.

Porém, a avaliação dos colaboradores de Nobre é de que demitir Brunoro agora seria dar brecha para a oposição dizer que o afastamento foi eleitoreiro e que a diretoria manteve um funcionário que não estava agradando.

Procurada pelo blog, a assessoria de imprensa do Palmeiras afirmou que o trabalho de todos os funcionários e diretores será avaliado ao final da gestão. "Não conversei com o presidente sobre meu futuro, não tem nada definido", declarou Brunoro.

Outra pergunta feita por Marques é se o curso de gestão esportiva administrado por Brunoro atrapalha sua carga horária no Palmeiras. "Se o alunos do Brunoro fizerem ao contrário do que ele ensina, terão sucesso no futebol", cutucou Marques ao ser indagado pelo blog. Veja abaixo o e-mail enviado pelo conselheiro ao presidente do órgão.

 Ao
Presidente Conselho Deliberativo SEP
Dr Antonio Augusto Pompeu

Venho através da presente solicitar se possível as seguintes informações:
1- Se consta no contrato de José Carlos Brunoro através da empresa Brunoro Sports que o mesmo pode assinar contrato com outro clube de futebol.
2- Se confirma a informação de que a empresa acima assinou contrato para gestãoo do E.C.Taubate e se nao tem conflito de interesses.
3-Se confirma a informação de que o contrato acima encerra em dezembro 2014 com multa rescisória de 2 meses de salarios.
4-Se o curso Master Brunoro Futebol,atrapalha a carga horária do CEO do nosso Palmeiras.

Atenciosamente

Mauro Marques
Conselheiro
Sociedade Esportiva Palmeiras

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.