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Indisciplina, mimos, alto custo e lesões igualam Luis Fabiano a Valdivia

Perrone

04/10/2014 10h13

Luis Fabiano está para o São Paulo assim como Valdivia para o Palmeiras. Os dois retornaram aos clubes como ídolos após passagens vitoriosas, porém vivem de altos e baixos.

As principais semelhanças entre chileno e brasileiro está em atitudes rebeldes e irresponsáveis que prejudicam suas equipes e nos mimos dados a eles pelos dirigentes.

Ambos já foram premiados apesar de enfrentarem má fase. Como aconteceu com Luis Fabiano em agosto de 2008, quando recebeu cerca de R$ 150 mil de aumento após fazer cara feia ao ouvir Juvenal Juvêncio dizer que ele era negociável. O atacante não marcava gol havia quase dois meses, mas viu seu salário chegar a R$ 550 mil, ficando livre de eventuais patrocínios para turbinar sua remuneração.

No lado alviverde, dias depois de ser infantilmente expulso contra o Flamengo ao pisar em Amaral, Valdivia comemorou nas redes sociais a contratação pelo clube do fisioterapeuta cubano José Amador, chamado de mágico pelo chileno. Cartolas do Palmeiras afirmam que parte do salário do fisioterapeuta será paga pelo atleta. Mesmo assim, que jogador do elenco tem o privilégio de indicar a contratação de um membro da comissão técnica, atropelando outros profissionais do clube?

Amador é a esperança de Valdivia para acabar com a sua sequência de lesões. O chileno levou cartão vermelho quando voltava após ficar fora por seis rodadas devido a mais uma contusão. As lesões são outro ponto em comum entre o palmeirense e Luis Fabiano. Na última quarta, quando foi expulso contra o Hauchipato (Chile), pela Copa Sul-Americana, o são-paulino tinha retornado à equipe havia apenas cerca de 15 dias. Ele passou quase três meses contundido.

Se desta vez foi multado pela diretoria em 30% do salário, em outras oportunidades, com Juvenal Juvêncio no comando, Luis Fabiano não foi punido, como ao ser expulso por reclamação depois do jogo com o Arsenal (Argentina) pela Libertadores de 2013.

As semelhanças entre Valdivia e Luis Fabiano são de longa data. O próprio chileno fez a comparação em 2011 em sua conta no Twitter. "Esse negócio de custo-benefício tá ficando chato, viu!! Tenho mais três anos de contrato e quero falar disso. Agora só sou eu quem se machuca? Todo mundo se machuca, gente. Os feras Ganso, Adriano, Luis Fabiano também estão machucados, acham que é por que eles querem?", disse na ocasião. Como o são-paulino faria mais tarde com Juvenal, ele reclamava de ouvir que a diretoria queria busca clubes interessados em seu futebol para se livrar do alto custo. Da mesma maneira que Luis Fabiano, ele também está entre os mais bem pagos de seu clube.

Em diferentes épocas, as duas direções deram sinais de insatisfação por não se sentirem compensadas pelo esforço que fizeram a fim de repatriar os ídolos. O São Paulo até bancou a ida para a Espanha de um amigo de Luis Fabiano e funcionário do clube para ajudar a convencer o atacante a voltar ao Morumbi. Era forte a concorrência do Corinthians pelo jogador.

Já o Palmeiras, pegou dinheiro emprestado com conselheiros e transformou um membro do Conselho Deliberativo, Osório Furlan, em sócio nos direitos econômicos do chileno.

A frustração de torcedores e cartolas até agora é compreensível. Apesar de alguns momentos reluzentes um ainda não merece ser chamado de Fabuloso, e nem o outro de Mago.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.