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Pré-candidato diz que Corinthians precisa acabar com ações entre amigos

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23/10/2014 09h24

Por cerca de três horas, o blog entrevistou Ilmar Schiavenato, ex-diretor social e pré-candidato à presidência do Corinthians. Veja abaixo o que o advogado e ex-remador corintiano pensa sobre o clube.

Candidatura

Ilmar afirma que resolveu ser candidato após receber pedidos de sócios do clube. Por ser diretor social, ele se aproximou dos associados. "Quando eu remava, corria à noite pelo clube, sozinho, uma vez vi um enorme rato passando. Desde aquela época me preocupo com o clube. Como diretor, comecei a resolver os problemas. Tudo que os sócios precisavam, eu levava para os outros diretores e a gente acabava resolvendo. Então, os sócios começaram a me considerar um cara ótimo e maravilhoso para o clube. E eu sou mesmo", afirmou.

Decisão de não apoiar Roberto de Andrade, pré-candidato da situação.

Ilmar foi escolhido para ser diretor por Mário Gobbi, do grupo político de Andrés Sanchez e que afirma apoiar Roberto de Andrade. "Conversei 1h30 com o Andrés, e ele não me quer como candidato. Não quero o Roberto, porque não quero que eles fiquem no poder. O clube precisa se modernizar. Se eles ganharem, vão repetir o que já fizeram. E assim não dá".

Principal problema do clube

"O Corinthians tem que acabar com os amigos, parar de contratar empresas porque são de amigos. Tem que contratar porque é melhor e tem o melhor preço".

Limpeza

"Vou limpar o clube de ponta a ponta, exterminar tudo o que tem de ruim". Indagado sobre o que significa essa limpeza, Ilmar disse que o termo é muito forte e que vai modernizar o Corinthians. "Em seis meses o clube vai ser outro."

Combate ao tráfico de drogas

Ilmar destaca como uma de suas principais ações como diretor ter mantido no Parque São Jorge a estrutura de um circo que se apresentou por lá. "Muitos no clube tiram sarro da decisão, mas ocupamos uma área nos fundos do clube que sempre foi um problema. À noite, ninguém andava por lá, então, traficantes pulavam o muro e a faziam tráfico de drogas lá dentro. Tinha muita queixa de mães de que suas filhas quando andavam até lá eram perseguidas por esses invasores. Elas temiam estupro. Hoje, fazemos eventos lá, ficamos com uma parte do lucro [a outra fica com o dono da estrutura] e até gastamos menos com segurança".

Categorias de base

Ilmar defende um modelo em que o clube tenha pelo menos 51% dos direitos econômicos dos jogadores que forme. "Como você explica o clube formar o atleta e ter só 20% dele? Vai querer colocar uma placa de burro na minha testa? Não adianta empresário pressionar, dizer que vai levar o jogador para outro clube. Então, pode levar. Há uma inversão de valores, o Corinthians é que tem que pressionar, não ser pressionado. Mostrar que aqui o jogador tem uma camisa forte, uma excelente estrutura para trabalhar".

Técnico do time profissional

O contrato de Mano Menezes termina em dezembro, e a eleição acontece em fevereiro. Mário Gobbi disse que em janeiro o time ficaria sem treinador até a escolha do novo presidente. Depois, afirmou que se reuniria com os pré-candidatos para discutir o tema. "Minha opinião é que não se mexe no Mano agora. Se eu ganhar a eleição, posso dizer que meu perfil de técnico é um treinador moderno e que viva intensamente o clube. O Corinthians não pode ter um técnico robô".

Time atual

"O elenco hoje é bom. Vai precisar de umas três mudanças para o ano que vem, o que é natural, não precisa mexer muito".

Fazendinha

Um dos principais projetos de Ilmar é remodelar a sede social do clube e o estádio do Parque São Jorge, a Fazendinha. Ele pretende tocar um projeto apresentado por uma empresa há aproximadamente dois anos e que ficou engavetado. "Vou fazer um prédio de 22 andares no clube, porque hoje, se chover, você vai embora pra casa. Lá só tem piscina e quadra, você não tem nada pra fazer em ambiente fechado. Vamos ter três andares subterrâneos com 829 vagas de estacionamento. Teremos hotel, centro de convenções, pista de boliche, a Fazendinha vai ter teto retrátil para receber shows e pelo menos cinco mil vagas para carros", explicou Ilmar, mostrando a planta da obra num computador. O projeto está avaliado em R$ 600 milhões. "É importante dizer que o Corinthians não vai gastar nada, não será uma nova dívida. Um fundo vai captar investidores e nós vamos ficar com uma parte do lucro, depois de 15 ou 20 anos, ficaremos com o lucro inteiro. Esse fundo não vai querer propinar porque precisa de resultados". A previsão é de que a obra dure entre dois e três anos.

Estádio

"Não sabemos o que é a arena hoje. Não sabemos por qual motivo ainda não ficou pronta, o que deve, porque deve. Só sabemos que a dívida é grande. Como diretor, não posso fiscalizar nada lá. Não quero benefício nenhum, só quero ver o que há de errado e ajudar a melhorar. Mas os diretores são barrados fora da área dos seus ingressos. É um absurdo a gente não poder ver o que está acontecendo. Quando mexerem naquilo, vai sair muita coisa. Não estou dizendo que vai sair coisa ruim, pode sair coisa boa, mas ninguém sabe o que vai sair."

Dívidas

"Sabemos que a situação é difícil, mas se tiver medo de dívida não pode sair de casa. Durante a minha vida inteira trabalhei recuperando empresas quebradas. Não que o Corinthians esteja quebrado, mas isso não me assusta."

Esportes amadores

"Não entendo por qual motivo o Corinthians só tem o futsal em alto nível. Interessa a quem? No vôlei, nós mantemos as meninas até 16 anos e liberamos pra outros clubes, formadas, prontas. Isso é revoltante. Então fecha logo o vôlei. Eu quero ter um time adulto porque você liga a TV e só vê as meninas do vôlei, é um esporte popular, as empresas investem nele. Quero o vôlei e outras modalidade

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.