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Oposição? Candidato corintiano "rival" divide até assessor com Andrés

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20/11/2014 06h00

Além de fazer doações para a campanha de Andrés Sanchez, Paulo Garcia, candidato de oposição à presidência do Corinthians, contratou como assessor de imprensa Olivério Júnior, que assessora o ex-presidente.

O oposicionista também recebeu em seu escritório durante a campanha de Andrés a deputado federal André Luiz de Oliveira, um dos principais aliados do ex-presidente e que trabalhou na candidatura. O candidato da oposição ainda voou em seu helicóptero com Andrés, que apoia o situacionista Roberto de Andrade na eleição de fevereiro. O dirigente responsável pelo estádio corintiano é amigo do conselheiro e agente Fernando Garcia, que tem participação nos direitos de jogadores do Corinthians, como Malcom, e é irmão de Paulo. O estatuto corintiano veta relações financeiras de membros do conselho com o clube. Fernando Garcia também tem o mesmo assessor que Andrés.

Abaixo, leia entrevista concedida por Garcia ao blog sobre as ligações com Andrés.

Em minha opinião, a sua chapa ficou com uma cara situacionista por causa de suas doações para a campanha de Andrés e de outras ligações, como ter o mesmo assessor de imprensa que ele. Você discorda?

Discordo. Não misturo minha vida pessoal com a política do clube. Por muitos anos ajudamos na campanha política do Wadih Helu, mas éramos adversários no clube. Não é porque uma pessoa não está comigo no Corinthians que vou ser inimigo dela, vou deixar de conviver com ela. O Olivério, eu conheço há 30 anos, ele tem casa em Itu como eu, temos um relacionamento. Conversamos muito quando o Andrés era presidente do clube e ele fazia a assessoria. Como o Andrés não é candidato, não vejo problema em ter o Olivério como meu assessor.

Pessoas que estavam no seu grupo avaliam que com essas ligações você não poderá criticar as administrações de Andrés e Mário Gobbi, ou André Luiz de Oliveira [ex-diretor administrativo, que sofre rejeição de parte da oposição]. Qual sua opinião sobre isso?

Não vou deixar de criticar por causa disso. Por exemplo, a situação falava que divulgaria todas as contas do clube, mas não faz isso. Nós fomos surpreendidos pela imprensa sabendo que o clube é sonegador. Estou cobrando que eles apresentem todas as contas.

Você empestou helicóptero para o Andrés?

Ele nunca me pediu, mas se precisasse emprestaria. Eu emprestaria até para você fazer uma reportagem, se você pedisse.

Você deu carona para o Andrés em seu helicóptero durante a campanha?

Ele andou comigo várias vezes de helicóptero, não só durante a campanha.

Li numa entrevista que você não quer que os jogadores agenciados por seu irmão, Fernando, continuem no clube…

Penso assim, se tem uma regra no estatuto [e há] impedindo conselheiros de terem relações financeiras com o clube, os primeiros a sofrer impeachment teriam que ser o Andrés e o Mário Gobbi, porque eles foram pedir dinheiro emprestado para o meu irmão. Não pagaram e aí deram porcentagens de jogadores como pagamento. Sou contra nepotismo, contra indicarem amigos para prestar serviço para o clube. A maioria dos clubes brasileiros está quebrada por causa disso. Se for eleito, vou colocar só profissionais para trabalhar. Não vou colocar amigo e nem parente para trabalhar lá. Sei que no Corinthians hoje tem gente que coloca amigo para prestar serviço. Agora, acho que o estatuto deveria permitir que conselheiros prestassem serviços [fora do futebol], desde que em condições iguais ou melhores do que as oferecidas pelo mercado. Porque quando você lida com conselheiro, sabe com quem está lidando.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.