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Da falta de dinheiro a Sheik: 6 fatores que pressionam Tite em seu retorno

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24/12/2014 06h00

Veja a seguir seis fatores que pressionam Tite em seu retorno ao Corinthians. Vale lembrar que sua volta não era unanimidade e aconteceu principalmente por causa da vontade de Roberto de Anrade, candidato da situação à presidência do clube.

Falta de dinheiro

O clube termina o ano com dificuldades para pagar salários em dia. Nos dez primeiros meses de 2014, a dívida alvinegra aumentou R$ 73,2 milhões, chegando a R$ 193,6 milhões no período. Para 2015, a previsão também é de escassez de dinheiro. Para próxima temporada, o orçamento, que anualmente tem sido desrespeitado, prevê R$ 10 milhões em contratações. A ordem para Tite é aproveitar ao máximo o elenco do clube e evitar a indicação de jogadores caros. Mostras do que o treinador vai enfrentar são a paralisação da renovação do contrato de Guerrero e a decisão do clube de não entrar em leilão com o Palmeiras pelo Leandro Banana, que disputou o Brasileirão pela Chapecoense.

Categorias de base

Na sua última passagem pelo Parque São Jorge, Tite foi criticado por não aproveitar atletas formados em casa. E principalmente por permitir a venda do zagueiro Marquinhos, que decolou na Europa. A pressão para que ele use os jovens agora aumentou com a conquista do Campeonato Brasileiro Sub-20, no último domingo.

Emerson Sheik

Tite é criticado até hoje por cartolas corintianos pelo fato de ter pedido a renovação do contrato do atacante em 2013. Com o novo salário de R$ 520 mil, ele rendeu pouco, foi emprestado ao Botafogo, mas continuou recebendo a metade desse valor do Corinthians. Por isso, não são poucos os que afirmam que a crise financeira do clube também tem as digitais do treinador. Assim, Tite é pressionado a fazer Sheik recuperar o bom futebol e justificar o investimento que o técnico incentivou o clube a fazer no atacante.

Guerra política

Em fevereiro, um mês depois de Tite voltar a trabalhar no clube, o Corinthians tem eleição. Parte da oposição, principalmente aliados de Paulo Garcia, vê o treinador ligado umbilicalmente a Roberto de Andrade, candidato lançado por Andrés Sanchez. Assim, sua situação não será confortável caso Andrade, que pediu o retorno do técnico e foi seu diretor de futebol, seja derrotado. Além disso, apesar de prometer manter Tite, o grupo de Garcia planeja trocar vários funcionários do departamento de futebol que trabalharam com o técnico em sua passagem anterior.

Paizão

Em reunião do Conselho Deliberativo do clube, em outubro deste ano, Mário Gobbi explicou a demissão de Tite afirmando que o treinador havia deixado de tratar os jogadores como atletas e se relacionava com eles como se fossem seus filhos. Isso teria colaborado para uma acomodação do elenco campeão da Libertadores e do Mundial. De volta ao clube, Tite vai reencontrar Cássio, Fábio Santos, Ralf, Danilo, Sheik e Guerrero. Para agradar aos cartolas terá que ser mais duro.

Empates

Não é só pelos títulos que Tite ficou marcado no clube. Os constantes empates no Brasileiro de 2013 também ajudaram a criar o clima que provocou a sua saída ao final do ano passado. Dirigentes reclamaram que ele se contentava com os empates no campeonato disputado por pontos corridos. No final, o Corinthians foi o time que mais empatou na competição (17 vezes) e ficou na décima posição. A cobrança é para que ele desmanche essa imagem.

Colaborou Dassler Marques, do UOL, em São Paulo

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.