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'Primeira-dama' do SPFC dá palpite em tudo e terá contrato investigado

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18/12/2014 06h00

Na última segunda, Juvenal Juvêncio foi pela primeira vez a uma reunião do Conselho Deliberativo do São Paulo desde que deixou a presidência. A noite era de festa, com coquetel e distribuição de panetones e até de cópias de uma entrevista de Carlos Miguel Aidar, atual presidente e crítico das mordomias dadas por seu antecessor aos conselheiros.

Juvenal tinha participação discreta, até que Aidar foi indagado sobre as relações de sua namorada, Cinira Maturana, com o clube e respondeu que ela tem um contrato comercial. Fica com 20% do valor dos negócios que apresentar.

"Aí eu entrei. Disse que estava estranhando. Antes a gente discutia futebol, mas agora estava discutindo assunto de namorada do presidente. Não ligo pra fofocas, mas tinha que deixar bem claro o que estava acontecendo [a confirmação de Aidar sobre o contrato]", afirmou Juvenal ao blog.

O assunto incomodava conselheiros da oposição havia meses. A queixa é de que Cinira dá palpite em quase tudo. Até de uma reunião para a venda de Douglas ao Barcelona ela participou. Também esteve ao menos em um encontro sobre o projeto de cobertura do Morumbi , além de já ter sido fotografada no CT são-paulino.

Sua constante presença, apesar de se dividir entre São Paulo e Brasília, onde trabalha, rendeu a Cinira o apelido de Primeira-dama. E agora vai gerar uma investigação da oposição, que pedirá para o contrato ser exibido.

O grupo de Juvenal Juvêncio esmiúça o estatuto para saber se negociar com parentes (ou namorada) é passível de punição ao presidente.

Desde o início da tarde desta quarta, o blog tentou contato com a amada de Aidar. "Não tenho nenhum problema em falar, mas meu avião está decolando", disse no primeiro contato. Depois, falou que estava pousando e conversaria mais tarde. À noite seu telefone estava ocupado e, em seguida, desligado.

Por sua vez Aidar deu entrevista coletiva na qual afirmou que ela "não trouxe um único negócio, embora tenha prospectado vários. Nós ficamos somente depois da Copa do Mundo, por volta do mês de agosto. Começamos a ter uma relação pessoal, e se ela tivesse trazido algum negócio não seria feito. Portanto, esse contrato é um zero à esquerda."

Aidar também afirmou que não quer mais pronunciar o nome de Juvenal. Horas antes, JJ havia dito ao blog que na reunião do conselho proibiu o sucessor de falar seu nome a partir de agora. "Disse que ele precisa parar de falar de mim e começar a trabalhar pelo clube. Ele chega em casa e olha embaixo da cama para ver se estou lá", declarou Juvenal.

Pelo tom bélico dos dois, ficou claro que, involuntariamente, Cinira ajudou a aumentar o ódio entre os amigos que viraram inimigos.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.