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Saiba como o trabalho de Mano foi minado no Corinthians

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08/12/2014 08h36

No final de 2013, quando ficou decidida a saída de Tite do Corinthians, Andrés Sanchez se dispôs a viajar para Porto Alegre a fim de tentar a contratação de Abel Braga. Mário Gobbi preferiu Mano Menezes. Cerca de dez meses depois, após a goleada de 4 a 1 para o Atlético-MG, pela Copa do Brasil, o ex-presidente entrou em cena de novo para pedir a demissão do técnico que não escolheu. Isso apesar de publicamente defender sua permanência. Nesse espaço de tempo, Mano sofreu de quase tudo no Parque São Jorge. Recebeu jogador que não indicou, perdeu atleta que queria segurar e soube que a negociação com um novo técnico já estava em andamento.

Uma imagem emblemática do calvário de Mano foi a do zagueiro Cléber, já uniformizado, sendo barrado do treino numa segunda-feira de agosto por ter sido vendido. Mano não sabia da negociação e foi avisado minutos antes de o treinamento começar que não poderia contar com o jogador. O clube não tinha participação nos direitos econômicos do atleta, o que resultou na impotência do técnico.

A cena quase se repetiu com Petros. O estafe do atleta chegou a pressionar a diretoria para negociar o meio-campista quando ele foi suspenso em seu primeiro julgamento no STJD.

Mano também sofreu na hora de contratar jogadores. Ángel Romero, por exemplo, não foi sugestão dele. A contratação foi apadrinhada por Andrés, que também abençoou a vinda de Óscar, irmão do paraguaio. No primeiro caso, Mano aceitou o reforço, mas bateu o pé para não receber o segundo jogador da família Romero. Conseguiu empurrar a contratação para 2015, porém, ela não deve mais acontecer.

Em quedas de braço como essa, geralmente, Mano via do outro lado o dirigente remunerado Edu Gaspar, amigo de Andrés desde os tempos em que era juvenil no Corinthians. O funcionário remunerado é protagonista de um dos episódios que mais incomodaram o agora ex-treinador corintiano.

Enquanto ainda alimentava esperanças de permanecer no cargo, Mano recebeu a informação de que Edu estaria conversando com Tite sobre a volta do técnico desde outubro, fato negado pelo clube.

O comandante do time na conquista do Mundial e da Libertadores é o preferido de Roberto de Andrade, candidato à presidência apoiado por Andrés.

A suspeita de que já havia uma negociação para trazer um novo treinador feriu Mano, que foi descobrindo não ser um bom negócio permanecer no clube. Caso seu contrato fosse renovado por Gobbi, e Andrade vencesse a eleição, o treinador temia passar por um doloroso processo de fritura. Assim, a decisão do presidente de não esticar seu compromisso  com o alvinegro não arranha a amizade entre os dois. Já a relação de Mano com Andrés, responsável por sua ida para a seleção brasileira, deve ser apenas protocolar a partir de agora.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.