Corte de despesas causa demissões nas categorias de base do Corinthians
Agnello Guimarães Gonçalves Coelho calcula que entre dezembro de 2010 e fevereiro de 2014 ajudou os garotos do Corinthians a conquistarem de 36 a 38 títulos. O currículo vitorioso, no entanto, não impediu a demissão dele do cargo de coordenador técnico das categorias de base do clube. Sua saída foi uma das primeiras atitudes tomadas pelo novo diretor de futebol amador, José Onofre de Souza.
O ex-funcionário interpretou o afastamento como uma rotina política: quem assume o poder tira homens de confiança da gestão anterior para colocar os seus. Mas, a explicação de Onofre é outra: corte de despesas.
"É uma situação lamentável, mas acaba acontecendo em todas as equipes quando há mudança de diretoria. As pessoas não se atentam à qualificação profissional, ao que fizemos na base. Conheci o atual diretor-adjunto, André, no ato da minha demissão. Não houve interesse da atual direção de ao menos conhecer o profissional. Disputamos quatro vezes a Copa São Paulo, fizemos três finais e ganhamos dois títulos. Mas entendo e estou muito tranquilo em relação ao que aconteceu. Vida que segue", disse Agnello ao blog.
Porém, o novo diretor de futebol amador afirma conhecer e admirar o trabalho do ex-coordenador. Só que a degola era inevitável por causa da contenção de gastos, diz o cartola.
"Ele é um baita profissional, foi uma pena a demissão. Fiquei chateado, mas não tem jeito. Temos que fazer uma redução de custos. Não é só o Corinthians, são todos os clubes, a crise financeira é no Brasil inteiro. E nem fui eu que decidi pela demissão. Ela já estava decidida pela diretoria anterior por causa da redução de despesas", afirmou o Onofre.
Não é bem assim, segundo o ex-diretor de futebol amador, Fernando Alba, que pertence ao mesmo grupo político de seu sucessor. "Estava decidido o corte de despesas, mas eu não tinha tomado a decisão de demitir o Agnello. A redução poderia passar pela saída dele ou não. Eu iria analisar, como fiz nos outros anos também", declarou Alba.
Por ter assumido o cargo a menos de uma semana, Onofre diz que não sabe de quanto será a redução de custos e nem se acontecerão outras demissões. Porém, as categorias de base já sofreram outras baixas por causa do aperto de cintos.
"Outros profissionais estavam preocupados com isso e procuraram clubes nas férias porque achavam que aconteceriam as demissões. Do Sub-17, saíram o técnico Rodrigo Leitão, o Pablo Bonavieri, argentino que era auxiliar dele, e o Odair Matheus, preparador físico. O Gustavo Moinho, preparador de goleiros do sub-13, também saiu. Eles conseguiram outros clubes e fizeram um acordo para sair", contou Agnello.
O diretor da base corintiana confirmou que pelo menos um deles, Leitão, seria demitido de qualquer forma para o clube economizar dinheiro.
Mas até que ponto esse corte de despesas pode prejudicar o departamento responsável por formar os jogadores do Corinthians?
Onofre diz que não tem como avaliar porque ainda está tomando pé da situação. Por sua vez, Agnello tem a resposta na ponta da língua: "Introduzir uma nova política, uma nova filosofia, sempre causa algum prejuízo porque a ideia é interrompida ou conduzida de outra maneira. Nas categorias de base, as mudanças provocam ainda mais prejuízos porque o ciclo de um jogador na base é de cinco anos. Se você muda tudo a cada dois ou três anos, fica difícil formar um jogador com grau de importância no futebol brasileiro".
As torneiras se fecharam no alvinegro depois de a dívida do clube aumentar em R$ 45,7 milhões no ano passado. O débito chegou a R$ 313,5 milhões de acordo com dados apresentados ao Cori (Conselho de Orientação) do Corinthians.
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