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Prefeitura de SP se sente pressionada pelo Corinthians a agir fora da lei

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23/02/2015 09h32

A nota emitida na última sexta pelo Corinthians com ataques a Fernando Haddad foi interpretada na prefeitura de São Paulo como uma tentativa de forçar o município a agir fora da lei para ajudar o clube.

O entendimento é de que os cartolas voltaram a pressionar a prefeitura para comprar os Cids (Certificados de Incentivo de desenvolvimento) que ela emitiu para o Corinthians vender e pagar parte dos gastos com a construção de seu estádio. Porém, Haddad e sua equipe consideram que a compra dos documentos seria ilegal, por isso nem querem ouvir falar nessa possibilidade.

O blog procurou a assessoria de imprensa do clube para ouvir o presidente Roberto de Andrade sobre o assunto, mas as ligações não foram atendidas.

De acordo com o Blog do Rodrigo Mattos, no ano passado, o Corinthians chegou a sugerir que fosse feito um projeto de lei autorizando a prefeitura a pagar pelos Cids, mas o prefeito rechaçou a ideia.

O problema acontece porque o clube não consegue vender os certificados. Os compradores teriam direito de usar os papéis para pagar parte dos seus impostos. Porém, na avaliação da direção alvinegra e também da prefeitura, ninguém quer comprar os documentos porque uma ação no Ministério Público questiona a legalidade dos Cids em favor do Corinthians.

No comunicado divulgado na semana passada, Andrade reclamou que o clube ainda não viu a cor do dinheiro dos Cids e culpou o prefeito Fernando Haddad. Só que a prefeitura não tem a obrigação de negociar os papéis. A parte dela é emitir certificados no valor de R$ 420 milhões. Faltam R$ 15 milhões para completar esse montante. Eles devem ser liberados até o fim do mês.

O argumento defendido pelo Corinthians na nota oficial é o mesmo que a Odebrecht, construtora da arena, tem usado para se defender na briga nos bastidores com o clube. Os corintianos reclamam de atrasos na finalização da obra e de que no lugar de usar materiais sofisticados a empresa instalou componentes mais baratos em muitos pontos do estádio.

Nas reuniões entre as partes, a Odebrecht alega que foi atrapalhada pela falta de recursos, principalmente pela não conversão dos Cids em dinheiro. Andrade legitimou o argumento da construtora.

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.