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Limitação de mandatos na CBF já subiu no telhado

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21/03/2015 08h41

O limite de dois mandatos de quatro anos para os presidentes de federações e da CBF é inegociável? "Acho que não, vamos debater e ver o que é melhor para o Brasil". A resposta foi dada ao blog por Otávio Leite (PSDB-RJ), que relatou o falecido projeto de lei de refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes, ressuscitado como Medida Provisória assinada por Dilma Rousseff.

A declaração do parlamentar, defensor das contrapartidas cobradas dos cartolas, é um sinal de como a porta está aberta para a bancada da bola derrubar o artigo que tanto incomoda a CBF e dirigentes de outras federações.

Até no Ministério do Esporte, que luta pela manutenção da medida favorável ao rodízio no poder, a possibilidade de o artigo cair é vista como real, sem ser motivo para choro. Segundo fonte ligada ao Ministério, a análise na pasta é de que o artigo pode ser derrubado por causa da pressão da confederação. Mas, se isso acontecer, não será motivo de desespero para o Governo, que fez sua parte para sanear o futebol brasileiro. O ônus junto à sociedade ficaria para a CBF e o Congresso.

Uma série da fatores contribui para aumentar as chances de vitória da Confederação.  Primeiro, a bancada da bola é forte. Ao mesmo tempo, o governo está fragilizado por causa  do petrolão e luta para salvar sua relação com o PMDB. Ou seja, sobra pouco fôlego para gastar numa terceira frente.

O fator Fifa também pesa. Ao dizer que repudia a interferência governamental nas entidades esportivas e que ajudará a CBF, caso ela queira, Joseph Blatter pressiona os parlamentares. No ano passado, a Fifa chegou a suspender a Nigéria de suas competições porque o presidente da federação local, Aminu Maigari, foi preso e seus diretores afastados dos cargos.

Ou seja, o cartola da Fifa deixou claro que pode suspender o Brasil também para ajudar a CBF. A ameaça velada provoca um efeito semelhante ao que intimidava congressistas e até promotores antes da Copa do Mundo de 2014. Muitos não queriam bater de frente com a Fifa e a CBF com medo de serem responsabilizados por uma eventual mudança de sede do Mundial.

Agora deve acontecer o mesmo. Quem está disposto a levar a culpa pelo fato de a seleção brasileira ser impedida de disputar as eliminatórias da Copa, por exemplo?

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.