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Corinthians paga juros mais altos para agente de atletas do que para banco

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28/04/2015 18h14

O Corinthians publicou seu balanço de 2014 com uma informação importante sobre o relacionamento do clube com empresários. O documento mostra as condições em que foram feitos dois empréstimos com empresas de agentes de jogadores.

A RC Consultoria, que tem Carlos Leite como um dos sócios, emprestou R$ 2 milhões ao alvinegro com cobrança de 1,50% de juros ao mês. A taxa é superior à cobrada por outras instituições financeiras. Ao Itaú, o clube paga 1,10% de juros por mês por ter levantado R$ 11.499.000 na instituição. Das operações relatadas no balanço e que não levam em conta CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o que facilita a comparação, apenas empréstimos junto ao BCV e ao BMG apresentam taxas maiores: 1,85% e 1,63% ao mês.

Entre outros jogadores, Leite agencia Cássio e Gil.

Há também o registro de uma operação com "Luiz Fernando Menezes – LFM". Foram emprestados R$ 3 milhões com juros de 1,39% ao mês. De acordo com membro da diretoria, essa quantia foi conseguida com Luiz Fernando Menezes Garcia, empresário de jogadores e conselheiro do clube licenciado desde fevereiro. Fernando Garcia, como é mais conhecido, cuida da carreira e tem participação nos direitos de atletas, como Malcom.

Diretor financeiro na ocasião em que as transações foram feitas, Raul Corrêa da Silva, disse ao blog considerar qualquer taxa de juros abaixo de 2% ao mês boa. E afirmou que os juros bancários inferiores aos das negociações com empresários foram frutos de demoradas negociações. Assim, na opinião dele, valeu a pena pagar taxas mais altas e conseguir o dinheiro mais rapidamente.

O balanço corintiano aponta ainda R$ 4,9 milhões emprestados pela Federação Paulista, mas não há registro de juros cobrados.

Ao todo, foram detalhados empréstimos no valor de R$ 50,9 milhões em 2014, contra R$ 34,9 milhões no ano anterior.

Outra informação revelada pelo documento é de que em 31 de dezembro foram dados como garantias dos empréstimos aval do então presidente Mário Gobbi, receitas futuras e notas promissórias no valor de R$ 8,5 milhões.

Em 2014, o déficit operacional futebol corintiano foi de R$ 21,4 milhões contra um superávit de R$ 18,1 milhões em 2013. A receita operacional do departamento caiu de R$ 266,3 milhões no ano retrasado para R$ 217 milhões na temporada passada.

Contribuiu fortemente para a queda o fato de toda a receita com a venda ingressos na arena do clube ficar numa conta separada para pagar a construção do estádio. Assim, a arrecadação com bilheteria foi de apenas R$ 6,9 milhões diante de R$ 32 milhões anotados em 2013.

No entanto, as despesas operacionais do departamento de futebol caíram de R$ 248,2 milhões para R$ 238,4 milhões.

Abaixo, veja reprodução do trecho do balanço corintiano que trata dos empréstimos.

Reprodução

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.