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Lembra de banheiros químicos no Pacaembu? Eles existem na Arena Corinthians

Perrone

08/04/2015 10h02

 

Banheiros femininos no setor de visitante

Banheiros químicos  femininos no setor de visitantes da Arena Corinthians

 

No Pacaembu, antiga casa corintiana, banheiros químicos são sinônimos de desconforto e atraso. Ao mudar para seu estádio próprio, o torcedor alvinegro imaginava não ver mais aquelas incômodas cabines nos jogos do time. Porém, elas continuam presentes no novo estádio de R$ 1,2 bilhão, contando juros de empréstimos bancários.

São poucos, mas eles estão lá. Há dois banheiros químicos femininos no setor de visitantes e pelo menos mais um para deficientes no setor sul. Lúcio Blanco, gerente de operações da Arena Corinthians, disse ao blog que eles precisarão ser usados até as obras ainda serem concluídas.

No setor de visitantes, existe projeto de construção de um banheiro feminino de alvenaria. A previsão da Odebrechet é completar os trabalhos no final de abril.

Já a situação do banheiro para deficientes físicos é mais complexa. Ele foi instalado em meio a uma investigação do Ministério Público sobre as condições oferecidas a pessoas com deficiências. Em relatório entregue pelo clube e pela construtora no último dia 12 ao MP, a previsão é de que todas as obras para atender deficientes físicos só fiquem prontas em junho, depois do prazo dado publicamente por Odebrecht e Corinthians para concluir o estádio.

 

 

 

Banheiro para deficientes físicos no setor sul da Arena Corinthians

Banheiro para deficientes físicos no setor sul da Arena Corinthians

 

 

A cabine provisória no setor sul só foi instalada já com o Campeonato Paulista em andamento. Até então, os portadores de deficiência que compravam ingressos nesse setor sofriam para ir ao banheiro. Precisavam pedir para funcionários do estádio os levarem até uma área mais cara, onde não precisam descer e subir escadas para usar os sanitários. Os banheiros de deficientes do setor sul já estão construídos, mas ficam num andar abaixo das arquibancadas, como os outros. Acontece que o elevador que seria usado por eles ainda não está pronto.

Esse é só um dos problemas relacionados a pessoas com dificuldade de locomoção na arena. Na reunião com o Ministério Público em 12 de março, Corinthians e Odebrecht entregaram relatório sobre 48 mudanças exigidas pela promotoria para sanar irregularidades no trato aos deficientes. Dos problemas identificados, 21 foram resolvidos, 16 necessitam de aprovação, 6 dependem de sinalização, 3 foram descritos apenas como tendo término previsto para junho e não há informações sobre a situação de dois.

Na vistoria feita inicialmente, especialistas detectaram, entre outras irregularidades, falta de sinalização, portas menores do que exigido para que cadeirantes passem com conforto, ausência de vagas sinalizadas para deficientes nos estacionamentos e camarotes sem banheiros adaptados.

O blog recebeu de torcedores vídeo no qual eles precisam carregar a cadeira de rodas de um deficiente por uma escada por falta de rampa na entrada do estádio. Blanco explicou ao blog que o local escolhido para o torcedor entrar não foi o estipulado para cadeirantes, que conta com rampa. O problema foi detectado pelo Ministério Público. Relatório mostra que a entrada da rua Doutor Luiz Aires não possui rampas e nem sinalização para indicar o caminho para a entrada correta aos deficientes. Os responsáveis pela arena responderam ao MP que quando a vistoria foi feita estavam definindo qual seria a rota para portadores de deficiência.

O promotor Francisco Antonio Gnipper Cirillo (Direitos Humanos) quer que Corinthians e Odebrecht assinem um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Os responsáveis pela arena seriam multados, caso desrespeitassem o acordo sobre o tratamento que deve ser dado às pessoas com necessidades especiais. Trato semelhante já foi feito com a Real Arenas, que cuida do estádio do Palmeiras. Na última reunião, os representantes da Arena Corinthians pediram 60 dias para analisarem a possibilidade de assinar o TAC.

No caso corintiano, o principal entrave é em relação ao número de cadeiras para deficientes e obesos. Os donos da arena querem quantidade menor do que a exigida pelo MP. A promotoria também determina que esses assentos sejam espalhados pelo estádio, evitando a existência de locais só para deficientes.

Veja abaixo a ata da última reunião entre MP, Corinthians e Odebrecht.

 

Reprodução

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.