Topo

Perrone

Sem Muricy, São Paulo agora aposta em quem não confiava

Perrone

07/04/2015 08h52

Apesar de ter sido previsível, a saída de Muricy Ramalho desorientou a direção do São Paulo. Tanto que ela agora aposta em quem antes demonstrava não confiar para o cargo. É o caso de Milton Cruz, o interino, e dos técnicos brasileiros considerados de ponta, cotados para assumirem o posto definitivamente.

Assim como aconteceu com Muricy, Milton enfrenta um processo de fritura no Morumbi. Membros da atual diretoria consideram inviável sua permanência pelo fato de ele ser homem de confiança de Juvenal Juvêncio, desafeto de Carlos Miguel Aidar.

A amizade com Abílio Diniz, empresário e consultor do Conselho Consultivo do clube, também pesam contra Milton. Diniz é mais alinhado com Juvenal do que com Aidar.

Os críticos avaliam também que agora ele não faz como deveria a ligação entre vestiário e diretoria. Também não teria feito de maneira satisfatória o meio-de-campo de Muricy com os jogadores. Numa análise geral, Milton é ainda visto como mais uma peça da engrenagem que não funcionou nos últimos anos. Assim, precisa ser substituído. O blog telefonou nesta segunda para o interino, que não atendeu ao celular.

Mas é ele quem estará no banco de reservas enquanto a diretoria não encontrar um novo treinador, que será escolhido entre os profissionais de ponta do Brasil, como disse em entrevista coletiva o vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Outra contradição, pois enquanto a chapa de Muricy esquentava, diretores do clube desdenhavam dos treinadores mais famosos do país.

O discurso é de que os nomes que rodam de clube em clube acham que já sabem tudo, não se reciclam e não modernizam seus métodos de treinamento. Logo, o São Paulo precisaria de um treinador estrangeiro, que levasse para o Morumbi novidades. Porém, André Villas Boas, técnico do Zenit, da Rússia, disse ao São Paulo que não deixaria seu time agora. A diretoria se viu, então, sem uma segunda carta estrangeira na manga.

Dessa forma, terá que se conformar com um brasileiro. Seja lá quem for ele, chegará sob olhares desconfiados por tudo que já foi dito no Morumbi sobre os treinadores nacionais. E o São Paulo terá que comer no prato em que cuspiu.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.