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Aidar agora manda mais no futebol. Veja o que muda no São Paulo

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22/05/2015 06h00

Carlos Miguel Aidar se define como um dirigente descentralizador, diferentemente de seu antecessor, ex-aliado e atual desafeto, Juvenal Juvêncio. Por isso, Ataíde Gil Guerreiro havia assumido a vice-presidência de futebol São Paulo com amplos poderes. Porém, após a atuação do vice na frustrada tentativa de contratar o argentino Alejandro Sabella, Aidar resolveu se envolver mais nas decisões do departamento de futebol.

Além de tomar as rédeas na definição do futuro treinador do time, ele passou a ir com frequência ao CT da Barra Funda.

"Quero ficar mais próximo da área fim principal do clube", disse o presidente são-paulino ao blog, justificando a mudança de comportamento. Mas, em tese, o que muda para o time com a nova postura do cartola? Veja abaixo.

Inovações – Aidar quer que a modernidade seja a marca registrada de sua administração. Assim, com ele na linha de frente, é de se esperar mudanças de procedimento, profissionais e a adoção de métodos que o presidente considere mais modernos para o departamento de futebol. Seu vice tem um estilo mais tradicional.

Política – Ataíde comandava o futebol sozinho, pouco ouvia os conselheiros do clube, o que gerou várias críticas a ele e até pedidos pelo seu afastamento do setor. Por ser o presidente, Aidar tem que dar mais ouvidos aos conselheiros e outros diretores. Com ele mais atuante, ganha peso a opinião dos membros do conselho e da diretoria em questões como contratações e venda de jogadores. O reflexo de cada gesto na política será avaliado. Quando tinha mais poder, Ataíde fazia o que achava ser melhor para a equipe e dava pouca bola para a politicagem.

Surpresas – Ataíde tem um estilo de trabalho definido, suas ações e preferências, em caso de jogadores e técnicos, por exemplo, são mais previsíveis por parte dos demais dirigentes. Aidar ouve palpites dos que o cercam, mas dá poucas pistas do que vai fazer. Até seus aliados têm dificuldade em antecipar os passos do cartola e o que ele pretende fazer em questões fundamentais para a equipe.

Tensão x calma – O vice de futebol tem pavio curto. É um dos motivos que o fizeram colecionar desafetos. Já o presidente tem mais jogo de cintura, tanto no trato com outros cartolas como com jogadores e comissão técnica, apesar de suas declarações polêmicas.

Torcida organizada – Ataíde está faz tempo na mira da Independente. Aidar, já deu demonstrações públicas de boa relação com a principal torcida organizada do clube. Em tese, com o presidente se dedicando mais ao time, fica mais fácil os torcedores terem acesso ao CT para protestar em eventuais momentos negativos.

Fogo-amigo – Ataíde está fora da mira da oposição formada pelo grupo de Juvenal. Pelo contrário, já recebeu vários elogios dos opositores. Aidar é o principal alvo da oposição. Com ele por perto, aumentam as chances de balas perdidas atingirem o elenco. Uma contratação conduzida pelo presidente, teoricamente, tem mais chances de ser criticada pelos opositores. Ou seja, o contratado pode ser atingido.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.