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Após bilionário projeto corintiano, Rosenberg busca R$ 500 mil para Lusa

Perrone

02/05/2015 08h08

Em 2010, Luis Paulo Rosenberg se debruçava num projeto para viabilizar R$ 350 milhões a fim de realizar o sonho da casa própria corintiana. A conta aumentou, hoje chegou a R$ 1,2 bilhão (contando juros de empréstimos), mas o dirigente montou um plano de operações que, segundo ele, torna a Arena Corinthians viável.

Cerca de cinco anos depois dos primeiros estudos sobre o estádio corintiano, a nova diretoria de marketing do clube quebra a cabeça para fazer a arena render o máximo possível. Enquanto as contas de seus sucessores ultrapassam um bilhão, o ex-vice-presidente corintiano tem metas bem menos ousadas. "Precisamos conseguir R$ 400 mil ou R$ 500 mil por mês para pagar a folha salarial do time na Série C do Brasileiro. Nossa meta é subir para a Série B", disse ao blog Rosenberg, agora consultor da Portuguesa.

Se nos tempos de Corinthians ele apostou em Ronaldo para alavancar o marketing alvinegro, em seu novo clube ele aposta que "os velhos portugueses vão abrir as burras (para investir na Lusa)".

Se outrora queria superar gigantes europeus como Real Madrid e Barcelona, agora sonha em levar palmeirenses, corintianos, são-paulinos e santistas para assistirem aos jogos da Portuguesa.

Se no Parque São Jorge ele lançou a camiseta "Eu nunca vou te abandonar", para embalar a volta à Série A do Brasileirão, no Canindé planeja vender uma com a estampa "Somos todos Lusa" ou "Todos pela Lusa".

Se no alvinegro teve como um de seus presidentes o popular Andrés Sanchez, na Portuguesa atuará sob a batuta de um dirigente praticamente desconhecido no cenário nacional, Jorge Manuel Gonçalves.

 "Esse presidente é um acidente da natureza, foi caindo a velha guarda e, de repente, sobrou ele, economista, formado na USP. Cara de uma cabeça boa e de caráter. Cara que tem a dureza necessária pra fazer a missão cumprida e doçura pra motivar as pessoas. O diretor de marketing é empresário, jovem, tem empresa de eventos muito respeitada, o jurídico é de primeira linha. O Corinthians não tem uma diretoria como essa", comentou.

Mas quem vai investir num time com torcida pequena, sem exposição na televisão e que disputa a Série C nacional?

"Via mercado, pode trazer um prêmio Nobel de economia que ele não vai conseguir. A empresa não vai investir na Portuguesa por causa da medição de exposição do nome dela na mídia. Vai ser pela gratidão de participar de um processo que vai fazer renascer o time de seus antepassados portugueses", respondeu o cartola.

E o que motivou quem já foi taxado de megalomaníaco a vestir a camisa de um time que luta por sua sobrevivência?

"O que me mexe com a alma no futebol é ver a torcida feliz, sinto quando tem uma torcida maltratada, incompreendida e enxovalhada. Essa é a torcida da Portuguesa. Quero ajudar essa torcida voltar a ser feliz", disse Rosenberg

Mas a Lusa não tem dinheiro para nada. Então, como vai conseguir pagar o famoso ex-dirigente do Corinthians?

"Vou receber 5% do que conseguir além do necessário. Mas deve ir tudo para a pessoa que ficará pra mim diariamente no Canindé", afirmou.

Ele não tem tempo de comparecer todos os dias ao seu novo clube. Ao antigo, deixou de ir. Só aparece nos jogos no estádio com o qual sonhou. Vai como torcedor e tem evitado voltar a falar sobre a arena corintiana. Não quer novas polêmicas. Mas é sabido que está decepcionado. Acha que o estádio não está ficando como o projetado. Está menos sofisticado. E a Portuguesa ajuda a aplacar essa decepção. O trabalho na Lusa virou uma terapia para ele tentar esquecer o Corinthians.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.