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Juiz sorteado foi alvo da ira de Valdivia. Os bastidores da decisão de SP

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01/05/2015 06h00

Na última segunda-feira, Modesto Roma Júnior tinha viagem marcada para Milão, a fim de conversar com o Milan sobre a possibilidade de segurar Robinho no Santos. Porém, o presidente santista e outros dirigentes do clube sentiram que a temperatura da final do Campeonato Paulista começava a subir, e a ida para a Itália foi cancelada.

Dito e feito. O clima esquentou diariamente na semana do segundo jogo decisivo com o Palmeiras,  desencadeando manobras nos bastidores. Já na terça-feira, Modestinho, como é conhecido o cartola, foi à Federação Paulista falar sobre arbitragem. O dirigente, que não gostou principalmente da atuação dos auxiliares no primeiro jogo da final, pediu a Reinaldo Carneiro Bastos, mandatário da entidade, um árbitro experiente para a partida na Vila Belmiro.

A FPF escolheu Raphael Claus, Luis Flávio de Oliveira e Guilherme Ceretta de Lima para o sorteio que definiria o juiz da finalíssima. Claus era o nome de maior rejeição por parte do Santos, principalmente por causa da atuação dele na derrota do time para o Corinthians no Brasileirão do ano passado, por 1 a 0, na Vila Belmiro. Robinho, entre outros jogadores, deixou o gramado na ocasião reclamando do juiz. Já Oliveira era o apitador que mais agradava à cúpula santista.

O sorteado acabou sendo Ceretta. Ele foi o quarto árbitro na vitória do Palmeiras sobre o Santos no primeiro jogo da final. Junto com juiz e bandeirinhas, foi ofendido por Valdivia no intervalo do jogo, conforme relato do árbitro Vinícius Furlan. Tanto que o juiz escreveu na súmula que o chileno se dirigiu à equipe de arbitragem, não só ao árbitro, para dizer: "uma vergonha essa arbitragem, uma vergonha, arbitragem de ladrão".

Antes mesmo de Ceretta ser sorteado para a partida de domingo, a diretoria do Palmeiras tinha sido alertada para o risco de o árbitro já entrar em campo impaciente com Valdivia, caso o chileno seja titular. Gente com trânsito no clube e na federação explicou à diretoria que o episódio envolvendo Valdivia e a equipe de arbitragem foi mais acalorado do que de costume, chegou a ser um entrevero que pode ter deixado feridas dos dois lados. Assim, escalar o chileno no caso de Ceretta estar no apito teria um risco a mais.

Porém, o Palmeiras se mostrou mais distante da questão da arbitragem do que o Santos. Modestinho fez marcação cerrada e foi ao sorteio na quinta-feira. Paulo Nobre não apareceu.

Disposto a suar a camisa nos bastidores, o presidente do Santos denunciou um suposto esquema para abalar seu time com informações que teriam sido plantadas na imprensa mineira sobre o interesse do Cruzeiro em Robinho e Lucas Lima. Nos bastidores, cartolas santistas disseram desconfiar que o ex-cruzeirense Alexandre Mattos, agora diretor remunerado do Palmeiras, teria ligado para jornalistas de Belo Horizonte dando falsas informações sobre a transferência dos dois jogadores.

"Isso é uma bizarrice. Liguei para o Modesto, e ele me disse que um jornalista falou isso pra ele. A única coisa que fiz envolvendo Santos e Cruzeiro foi colocar o Leandro Damião no Cruzeiro", disse Mattos ao blog.

Em seguida, o cartola palmeirense cutucou: "Se você for escrever alguma coisa sobre isso, diga que na semana passada era o Valdivia que estava indo pro Cruzeiro. Quem soltou essa notícia? Queriam tumultuar o Palmeiras?". Depois, ele ainda afirmou que considera o assunto morto, respeita o presidente do Santos e que pode voltar a fazer negócios com o time do litoral.  É possível que os dois dirigentes superem facilmente o atrito. Difícil mesmo é a situação de Ceretta, o personagem que sai mais pressionado dessa batalha nos bastidores. 

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.