Brasil faz história: foi último a tratar Blatter como chefe de Estado
"Você acha que estou contente protegendo pessoas que eu queria prender?" A pergunta que ouvi de um policial federal encarregado de escoltar dirigentes da Fifa durante a Copa do Mundo do ano passado ilustra o constrangimento que sobra neste momento para o governo brasileiro.
A renúncia de Joseph Blatter, combinada com a prisão de uma leva de cartolas, entre eles José Maria Marin, deve ser o ponto final na carreira de uma geração de dirigentes sufocados por denúncias de corrupção e alcançados pelas garras do FBI.
As investigações nos Estados Unidos levaram três anos. Ou seja, já aconteciam antes da "Copa das Copas". Mesmo assim, boa parte dos envolvidos teve tratamento de chefe de Estado durante a Copa das Confederações e o Mundial do Brasil. Batedores e carros com policiais federais escoltavam Blatter, Jérôme Valcke e José Maria Marin, entre outros envolvidos no escândalo de corrupção na Fifa.
A proteção, bancada com dinheiro público, era garantida por lei. Foi só uma das exigências que fizeram o Brasil ficar de joelhos até levar um chute no traseiro dado por Valcke, agora chutado para o centro das investigações.
O vexame de estender o tapete vermelho e deixar essa turma conviver até com a presidente do país não é o único. Ficou chato também para as autoridades nacionais que não deram conta nem dos brasileiros envolvidos na história toda.
Coube ao FBI investigar propinas que teriam sido pagas pela Traffic pelos direitos de transmissão da Copa do Brasil. Assim, no meio de uma investigação que envolve Copas do Mundo, apareceu uma competição nacional, e ela tinha que ser daqui.
No novo capítulo do que parece um seriado sobre mafiosos, Blatter renunciou com pinta de confissão de culpa. Pelo jeito, nunca mais vai desfilar por aí como se fosse presidente de um país, não de entidade afundada na lama da corrupção. A última vez que teve esse privilégio numa Copa do Mundo foi no Brasil, que coleciona, assim, mais uma "marca histórica" para acompanhar o 7 x 1 diante da Alemanha.
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