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Em ação Pato diz ter sondagem para trocar SPFC por outro time brasileiro

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13/06/2015 06h00

Na petição inicial de Alexandre Pato contra Corinthians e São Paulo chama atenção o trecho em que o jogador indica existir propostas de outros clubes. Pelo menos um deles é brasileiro e não se trata do time do Morumbi.

Ao justificar a necessidade de uma antecipação de tutela para desvincular o atleta do alvinegro rapidamente, a defesa de Pato diz o seguinte:

"O reclamante (Pato) já foi sondado por outros clubes. Ocorre que o vínculo com o reclamado impossibilita que o reclamante continue com as negociações. O interesse para atuar por outro clube não permanecerá válido. Mesmo porque, segundo o regulamento geral de competições (da CBF), o reclamante não pode jogar por outra equipe se jogar sete jogos pelo São Paulo Futebol Clube".

Ou seja, existe pressa porque se Pato completar sete jogos ele não poderá atuar por outra equipe da Série A. Mas quem está interessado não quer comprar do Corinthians os direitos econômicos. O atacante já fez cinco jogos no Brasileirão deste ano.

No Corinthians, as alegações foram interpretadas com uma demonstração de que Pato foi à Justiça por ter vislumbrado uma negociação mais vantajosa do que cumprir seu acordo com o alvinegro até 31 de dezembro de 2016. Porém, os corintianos não descartam que ele queira ficar no São Paulo. Nesse caso, a história das sondagens seria apenas para disfarçar.

Pato cobra R$ 4 milhões do Corinthians e R$ 200 mil do São Paulo. Os valores são referentes a direitos de imagem, que ele alega serem salários disfarçados. Pelas leis trabalhistas, com três meses de atraso o atleta pode pedir a rescisão de seu vínculo.

Acontece que Corinthians e São Paulo afirmam  já terem quitado as dívidas. Mesmo assim, o jogador insiste com a rescisão. Para o UOL Esporte, o advogado dele, João Chiminazo disse que, se o pagamento foi feito depois da busca da Justiça pelo comprovante, de nada adianta. O contrato poderá ser rompido, pois a inadimplência chegou a completar três meses. Pato cobra dez meses de direitos de imagem atrasados do Corinthians.

Caso a Justiça determine que o atacante cumpra seu contrato até o final, ele terá direito a receber entre salários, direitos de imagem e décimo terceiro mais R$ 16 milhões. Uma transferência só será vantajosa para ele se o novo contrato garantir mais do que esse valor. Livre do Corinthians ele poderia cobrar luvas mais altas já que o interessado nada pagaria pelos direitos econômicos.

Em sua defesa, além de sustentar que já pagou o que devia, o alvinegro argumenta que os direitos de imagem não eram salários disfarçados. Para tanto, usa o fato de fazer esses pagamentos para a Sil Serviços, controlada pela inglesa Chaterella Investors Limited, como mostrou o blog nesta sexta. O argumento corintiano é de que o fato de o atacante vender sua imagem para a empresa estrangeira antes de ser funcionário do clube mostra que essa remuneração não é salário disfarçado.

A Chaterella é alvo de investigação aberta pela Justiça portuguesa no ano passado. Os portugueses suspeitam que, entre 2003 e 2008, quando treinava Portugal, Luiz Felipe Scolari tenha recebido seus direitos de imagem por meio dela. As autoridades locais investigam se a operação foi feita para evitar o pagamento de impostos. Scolari nega irregularidades.

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.