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Empresa envolvida em investigação sobre Felipão recebe pela imagem de Pato

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12/06/2015 12h42

A forma como o Corinthians paga os direitos de imagem de Alexandre Pato virou tema na briga jurídica entre jogador e clube. O atleta alega que o alvinegro atrasou mais de três salários e que por isso o contrato deve ser rescindido. Quem recebe o dinheiro, no entanto, é a Sil Serviços, empresa controlada pela Chaterella Investors Limited, com sede em Londres.

Em entrevista ao canal Fox Sports, Roberto de Andrade disse que o atacante vendeu seus direitos de imagem para uma empresa inglesa ao 16 anos e que, assim, o dinheiro não é dele. A afirmação soa como argumento de que, se ele negociou sua imagem antes de ser funcionário do clube, a quantia não pode ser considerada complemento de salário. Pelas leis trabalhistas, o atleta pode pedir rescisão ao completar três meses sem receber salário.

Como mostrou o Blog do Birner, Pato alega que a imagem é complemento de seu salário para tentar a liberação do vínculo com o alvinegro. Além de negar que direito de imagem seja salário, o presidente corintiano disse que já pagou o que devia ao jogador. Emprestado ao São Paulo até dezembro deste ano, o atacante tem contrato com o Corinthians que termina no final de 2016. Ele alega ainda que o São Paulo também atrasou os pagamentos, que o clube já diz ter colocado em dia.

A Chaterella é a mesma empresa alvo de investigação aberta pela Justiça portuguesa no ano passado. Os portugueses suspeitam que, entre 2003 e 2008, quando era treinador de Portugal, Luiz Felipe Scolari tenha recebido seus direitos de imagem por meio dela. As autoridades locais investigam se a operação foi feita para evitar o pagamento de impostos. Scolari nega irregularidades.

Enquanto estava em Portugal, Felipão tinha como agente Gilmar Veloz, mesmo representante de Pato. O empresário e o jogador não comentam o fato de uma empresa controlada pela Chaterella ser indicada para o Corinthians efetuar os pagamentos de imagem. A assessoria de imprensa do atacante diz apenas que não há irregularidade. De fato, determinar que uma empresa com sede fora do país controle os direitos de imagem do atleta não configura irregularidade.

O blog teve acesso ao contrato de empréstimo entre Corinthians e São Paulo. Ele mostra que, em 14 de janeiro de 2013, Pato, Corinthians e Chaterella firmaram contrato de cessão pelo qual a empresa transferiu ao clube, "de forma não exclusiva", os direitos de imagem do atacante até 31 de dezembro de 2016.

O mesmo documento registra que em 3 de junho de 2013 "a posição contratual da Chaterella foi assumida pela sua controlada Sil Serviços". Ou seja, a empresa situada no Brasil passou a receber os pagamentos pelos direitos de imagem de Pato.

A partir do empréstimo, o Corinthians ficou responsável apenas por pagamentos de R$ 400 mil mensais feitos para a Sil. Em caso de inadimplência, Pato poderia passar a cobrar a dívida do São Paulo, que se tornaria credor do Corinthians com multa de 50% sobre o valor devido mais juros de 1% ao mês e correção por CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

O Corinthians também foi obrigado a apresentar garantias bancárias no valor anual dos pagamentos de imagem para acertar o empréstimo. Veja abaixo  trechos do contrato do empréstimo de Pato.

Reprodução

A Chaterella é indicada como uma das partes do contrato

Duas empresas autorizam o repasse dos direitos de imagem

Duas empresas autorizam o repasse dos direitos de imagem

Multa prevista em caso de atraso

Multa prevista em caso de atraso

 

Sobre o Autor

Ricardo Perrone é formado em jornalismo pela PUC-SP, em 1991, cobriu como enviado quatro Copas do Mundo, entre 2006 e 2018. Iniciou a carreira nas redações dos jornais Gazeta de Pinheiros e A Gazeta Esportiva, além de atuar como repórter esportivo da Rádio ABC, de Santo André. De 1993 a 1997, foi repórter da Folha Ribeirão, de onde saiu para trabalhar na editoria de esporte do jornal Notícias Populares. Em 2000, transferiu-se para a Folha de S.Paulo. Foi repórter da editoria de esporte e editor da coluna Painel FC. Entre maio de 2009 e agosto de 2010 foi um dos editores da Revista Placar.

Sobre o Blog

Prioriza a informação que está longe do alcance das câmeras e microfones. Busca antecipar discussões e decisões tomadas por dirigentes, empresários, jogadores e políticos envolvidos com o futebol brasileiro.